Fundamento: A endocardite infecciosa associada aos cuidados de saúde (EI-ACS) é uma complicação grave associada aos cuidados médico-hospitalares, com uma incidência crescente na população. Objetivo: Avaliar a EI-ACS com relação à sua epidemiologia, etiologia, fatores de risco de aquisição, complicações, tratamento cirúrgico e quadro clínico. Métodos: Este estudo de caráter observacional e prospectivo avaliou uma série de casos reportados entre 2006 e 2011 em um hospital público no Rio de Janeiro. Resultados: Cinquenta e três pacientes com EI-ACS de um total de 151 casos de endocardite infecciosa (EI) foram incluídos no estudo, dos quais 26 (49%) eram do sexo masculino (idade média de 47 ± 18,7 anos), e 27 (51%) eram sexo feminino (idade média de 42 ± 20,1 anos). Quadros clínicos agudos de EI ocorreram em 37 casos (70%) e quadros subagudos em 16 casos (30%). A válvula mitral foi afetada em 19 casos (36%), e a valva aórtica em 12 casos (36%). As válvulas cardíacas protéticas foram afetadas em 23 casos (43%), e as válvulas cardíacas nativas em 30 casos (57%). O acesso venoso profundo foi usado em 43 pacientes (81%). Hemoculturas negativas foram observadas em amostras de 11 pacientes (21%). Nas hemoculturas positivas, Enterococcus faecalis foi identificado em 10 casos (19%), Staphylococcus aureus em 9 casos (17%) e Candida sp. em 7 casos (13%). Febre ocorreu em 49 pacientes (92%), esplenomegalia em 12 pacientes (23%), novo sopro de regurgitação valvar em 31 pacientes (58%) e proteína C reativa elevada em 44 pacientes (83%). O ecocardiograma apresentou critérios principais em 46 casos (87%). Trinta e quatro pacientes (64%) foram submetidos à cirurgia cardíaca. A mortalidade ocorreu em 17 casos (32%). Conclusão: EI-ACS afeta pacientes mais jovens no Brasil. As válvulas cardíacas protéticas e nativas foram afetadas em proporção semelhante. A cirurgia não cardíaca foi um fator predisponente pouco frequente, ao passo que o acesso intravenoso foi um fator predisponente comum. Infecções por S. aureus foram significativamente mais frequentes em casos de EI-ACS envolvendo a válvula cardíaca nativa. A mortalidade por EI-ACS é elevada.
Background: Healthcare-associated infective endocarditis (HCA-IE), a severe complication of medical care, shows a growing incidence in literature. Objective: To evaluate epidemiology, etiology, risk factors for acquisition, complications, surgical treatment, and outcome of HCA-IE. Methods: Observational prospective case series study (2006-2011) in a public hospital in Rio de Janeiro. Results: Fifty-three patients with HCA-IE from a total of 151 cases of infective endocarditis (IE) were included. There were 26 (49%) males (mean age of 47 ± 18.7 years), 27 (51%) females (mean age of 42 ± 20.1 years). IE was acute in 37 (70%) cases and subacute in 16 (30%) cases. The mitral valve was affected in 19 (36%) patients and the aortic valve in 12 (36%); prosthetic valves were affected in 23 (43%) patients and native valves in 30 (57%). Deep intravenous access was used in 43 (81%) cases. Negative blood cultures were observed in 11 (21%) patients, Enterococcus faecalis in 10 (19%), Staphylococcus aureus in 9 (17%), and Candida sp. in 7 (13%). Fever was present in 49 (92%) patients, splenomegaly in 12 (23%), new regurgitation murmur in 31 (58%), and elevated C-reactive protein in 44/53 (83%). Echocardiograms showed major criteria in 46 (87%) patients, and 34 (64%) patients were submitted to cardiac surgery. Overall mortality was 17/53 (32%). Conclusion: In Brazil HCA-IE affected young subjects. Patients with prosthetic and native valves were affected in a similar proportion, and non-cardiac surgery was an infrequent predisposing factor, whereas intravenous access was a common one. S. aureus was significantly frequent in native valve HCA-IE, and overall mortality was high.