RESUMO A legislação vigente que normatiza a Educação Básica no Brasil (Brasil, 2013) e a inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas nas escolas regulares (Brasil, 2015) provoca uma reflexão sobre os discursos e as ações no âmbito da formação de professores de línguas. Observamos que a concretização de práticas inclusivas nas escolas brasileiras tem se apresentado como um processo moroso, pois implica não apenas mudanças nas políticas públicas, mas, sobretudo, transformações de várias ordens nos contextos educativos. Considerando o amplo espectro das necessidades educacionais específicas dos alunos, haja vista os inúmeros tipos de patologias e suas nuances, pautamo-nos no pressuposto de que só uma formação calcada no pensar crítico, autônomo e informado (Celani, 2010) possibilitará ao professor criar espaços que sejam propícios a uma sala de fato inclusiva. Parece importante ressaltar que nossa compreensão das práticas inclusivas está relacionada ao processo de identificação e reflexão sobre quais mudanças socioafetivas, éticas e pedagógicas são necessárias e não apenas prover mudanças arquitetônicas e de acessibilidade. Contudo, essa perspectiva ainda requer debates acerca da formação de professores de línguas em nosso país. Neste artigo, discutimos práticas inclusivas, ações e pesquisas desenvolvidas em três universidades brasileiras (Universidade Estadual de Londrina, Universidade Federal de Uberlândia e Universidade Federal da Paraíba). Nosso objetivo é analisar como a temática da inclusão tem sido ou pode ser incorporada aos projetos pedagógicos, à prática docente e/ou aos projetos individuais de professores-formadores nas instituições mencionadas neste texto.
ABSTRACT The current legislation regulating basic education in Brazil (Brasil, 2013) and the inclusion of students with specific educational needs in regular schools (Brasil, 2015) warrant some reflections on the discourses and actions in the field of language teacher education. We have observed that the implementation of inclusive practices in Brazilian schools has been a time-consuming process as it implies not only changes in public policies, but also - and maybe primarily - several kinds of transformation in educational contexts. Considering the broad spectrum of students’ specific educational needs, given the innumerable types of pathologies and their nuances, as well as keeping in mind the assumption that teachers can only create some space for inclusive practices in the classroom if their education is based on critical, autonomous, and informed thinking (Celani, 2010), we consider it to be essential to explore the language teacher education landscape. It seems important to highlight that our understanding of inclusive practices is related to the process of identifying and reflecting on what social-affective, ethical, and pedagogical changes are needed, not only providing accessibility and architectural changes as is usually done. However, this perspective still requires some debate on the language teacher education courses in our country. In this paper, we discuss the inclusive practices, programs, and studies carried out at three Brazilian universities: Federal University of Paraíba, State University of Londrina, and Federal University of Uberlândia. Our aim is to analyze the way inclusive matters have been or can be incorporated into the pedagogical project, the teacher practicum, and/or the individual projects of teacher educators in the institutions mentioned in this paper.