RESUMOS A realização de grandes projetos de infraestrutura é fomentada e justificada por meio da retórica do desenvolvimento, categoria que produz efeitos de sentidos que atribuem aos projetos uma inexorabilidade frente às “exigências” do mercado. Contudo, embora tratada sob a rubrica impactos no âmbito do licenciamento ambiental das grandes obras, a produção de violências diversas, e da expropriação em particular, é inerente a tais projetos. A partir de pesquisas de campo que analisam as políticas das afetações provocadas por duas barragens no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, e da análise do EIA-RIMA de um complexo minerário na bacia do Rio Santo Antônio, sub-bacia do rio Doce, este texto aborda os limites e implicações das categorias tradicionalmente mobilizadas nas Avaliações de Impacto Ambiental. Discutimos a economia de visibilidades produzida no âmbito dos licenciamentos e como ela elide a multiplicidade de deslocamentos compulsórios e a violência rotinizada no âmbito da gestão técnica dos impactos.
ABSTRACTS The development of large infrastructure projects is encouraged and justified through the development rhetoric, a category that produces meaning effects that attribute an inexorability to projects in the face of market “demands”. Nonetheless, although dealt with under the heading of impacts in an environmental licensing context for major works, the production of various forms of violence, and expropriation in particular, is inherent to these projects. Based on field research assessing the affectation policies caused by two dams in the Jequitinhonha Valley and an environmental impact assessment analysis (EIA-RIMA) for a mining complex in the Santo Antônio river basin, located in the Rio Doce sub-basin, Minas Gerais, this article addresses the limits and implications of the categories traditionally mobilized in Environmental Impact Assessments. We discuss the visibility economy produced in the licensing context and how it eliminates the multiplicity of compulsory displacements and the routine violence within the scope of technical impact management.
RESUMÉS La réalisation de grands projets d’infrastructure et fondée et justifiée par la rhétorique du développement, une catégorie dont les effets de sens attribuent à ces projets une inexorabilité face aux « exigences » du marché. Bien que considérée comme impacts du permis environnemental de grands travaux, la production de différents types de violence, et en particulier l’expropriation, est inhérente à ces projets. À partir de recherches de terrain sur les politiques d’affectation causées par deux barrages dans la Vallée de Jequitinhonha (état de Minas Gerais) et de l’analyse de l’EIE-RIE d’un complexe minier dans le bassin du Rio Santo Antônio (sous-bassin du Rio Doce), ce texte aborde les limites et les implications des catégories traditionnellement mobilisées dans les évaluations de l’impact environnemental. Il analyse l’économie de visibilité produite dans le cadre des permis et sa capacité à réduire les déplacements obligatoires et la violence qui accompagne la gestion technique des impacts.