Resumo Este artigo descreve, analisa teoricamente e exemplifica por meio de uma vinheta fictícia uma intervenção psicológica de natureza clínica, desenvolvida por psicólogos num serviço de atenção terciária em saúde mental, como alternativa à contenção física convencional em situações de crises psicóticas agudas. O referencial teórico adotado é a Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida pelo psicólogo norte americano Carl Rogers. A intervenção psicológica disponibilizada desvela a importância da relação interpessoal no cuidado a pacientes que passam por crise psicótica. A postura terapêutica do psicólogo inclui as três atitudes preconizadas por Carl Rogers como necessárias e suficientes para desencadear um processo de retomada da autonomia pessoal (congruência ou autenticidade, consideração positiva incondicional e compreensão empática), além da confiança na tendência atualizante do paciente. A estratégia terapêutica apresentada consiste num recurso possível a ser utilizado para a estabilização da pessoa em crise. Estas atitudes foram propostas, inicialmente, por Rogers e equipe para o desencadeamento e manutenção de um processo de intervenção psicoterápica, mas mostraram-se eficazes, também, na experiência de psicólogos brasileiros em relação a pacientes com transtornos mentais graves em situação de crise aguda.
Abstract This article describes, theoretically analyzes, and exemplifies, through a fictitious vignette, a psychological intervention of a clinical nature, developed by psychologists in a tertiary mental health care hospital, as an alternative to conventional physical restraint in situations of acute psychotic crises. The theoretical framework adopted is Person-Centered Approach, developed by the North American psychologist Carl Rogers. The psychological intervention reveals the importance of an interpersonal relationship in the care of patients who are going through a psychotic crisis. The psychologist’s therapeutic posture includes the three attitudes advocated by Carl Rogers as necessary and sufficient to facilitate the process of resuming personal autonomy (congruence or authenticity, unconditional positive regard, and empathic understanding), in addition to confidence in the patient’s own actualizing tendency. The therapeutic strategy presented is a possible resource to be used to stabilize the person in crisis. These attitudes were initially proposed by Rogers and his team to develop and maintain a psychotherapeutic intervention process, but they also proved to be effective in the experience of Brazilian psychologists in relation to patients with severe mental disorders in acute crises.