Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) é uma planta que ocorre no bioma Cerrado e é utilizada popularmente no tratamento de diarréias, inflamações, hiperglicemia e hipertensão. Estudos prévios revelaram atividade antimicrobiana da E. uniflora in vitro. Tendo em vista o uso popular, este trabalho objetivou avaliar as possíveis atividades celulares e teciduais sistêmicas do extrato bruto e das frações das folhas dessa planta em brânquias de Oreochromis niloticus L. (tilápia nilótica). Para isso, o extrato etanólico e as frações das folhas dessa planta foram administrados no peixe, por via oral, adicionadas à ração. Após um período de 24 horas, os peixes foram sacrificados e o segundo arco branquial de cada peixe foi dissecado, fixado em formalina neutra, desidratado, incluído em parafina e cortado. Nas análises histológicas, utilizaram-se tricômico de Masson e hematoxilina e eosina (HE). Pelas análises qualitativas na microscopia de luz, concluiu-se que o extrato etanólico bruto e as frações das folhas da E. uniflora apresentaram efeito sistêmico nas tilápias nilóticas atingindo as brânquias. As ações tóxicas como destacamento e descamação do epitélio respiratório e hiperplasia das células do epitélio interlamelar, foram mais pronunciadas nas tilápias que ingeriram maiores concentrações. Este trabalho colaborou para identificar o efeito vasodilatador dessa planta, e contribuiu para estabelecer a tilápia nilótica como sistema-modelo para testes com princípios ativos de plantas. Espera-se, com esses testes, viabilizar o uso de plantas como medicamentos para tratamentos de peixes, a manutenção da saúde de animais em cultivo intensivo e extensivo, a partir do qual se possibilite emprego alternativo aos medicamentos sintéticos.
Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) is a plant found in the Cerrado biome and traditionally used in the treatment of diarrheas, inflammations, hyperglycemia and hypertension. Previous studies have revealed in vitro antimicrobial activity of E. uniflora. Considering its popular use, this study aimed to assess possible systemic cellular and tissue activities of the crude extract and the fractions from the leaves of this plant on Oreochromis niloticus L. (Nile tilapia) gill. Thus, ethanol extract and fractions from the leaves of this plant were orally administered to the fish in their rations. After 24 hours, the fish were sacrificed and the second gill arch of each fish was dissected, fixed in neutral formalin, dehydrated, embedded in paraffin and sectioned. Masson's trichome and hematoxylin and eosin (HE) were used in the histological analyses. Qualitative analyses using a light microscope led to the conclusion that the crude ethanol extract and the fractions from E. uniflora leaves presented systemic effect on Nile tilapias, affecting the gills. Toxic actions such as respiratory epithelium detachment and lifting, and hyperplasia of interlamellar epithelial cells were more pronounced in the tilapias that ingested higher concentrations. This study helped to identify the vasodilator effect of this plant and contributed to the definition of the Nile tilapia as a model system for testing plant active principles. These tests are expected to make feasible not only the use of plants as fish medication but also the maintenance of the health of animals in intensive and extensive cultures through the possible use of alternatives to synthetic medication.