Resumo: Introdução: A importância da divulgação científica (DC) ficou em evidência diante da pandemia de COVID-19, que aproximou cientistas das mídias populares de forma sem precedentes. No entanto, a formação desses profissionais para a comunicação com públicos não-especialistas ainda é incipiente. Pensando em contribuir com iniciativas que visam suprir tal necessidade, foi simulado um ambiente de uma revista de DC na qual bacharelandos em química, no papel de jornalistas de ciência, foram convidados a redigir textos de divulgação científica (TDC) sobre a COVID-19. Objetivos: Este trabalho objetiva analisar o conteúdo textual produzido pelos estudantes, destacando as potencialidades e fragilidades dos TDC. Métodos: Para tal, foram empregados os fundamentos da Análise de Conteúdo (AC), que propiciou a caracterização dos TDC na perspectiva dos elementos recorrentes neste tipo de produção. Nessa perpectiva, o material analisado foi submetido a um processo de cinco etapas: (i) preparação das informações; (ii) transformação do conteúdo em unidades de análise; (iii) categorização do material, que emergiu de um Quadro Analítico de TDC; (iv) descrição das categorias; (v) e interpretação dos resultados. Resultados: Os estudantes empregaram recursos visuais e textuais para o apelo à atenção do leitor; mostraram preocupação com a contextualização da informação; e disseminação de uma visão não distorcida da produção científica, a partir do detalhamento das características da atividade científica. Ficou também mostrado que TDC com menor emprego de recursos linguísticos podem resultar em abordagens mais conceituais e técnicas. Conclusões: Esta experiência corroborou o potencial dos estudantes em promover informações sobre ciência para audiências leigas, já que se encontram próximos tanto do público não-especializado quanto da comunidade acadêmica; e reforçou a aplicabilidade da AC de relacionar categorias analíticas de TDC reportadas na literatura a casos mais particulares, como o aqui descrito.
Abstract: Introduction: The importance of public communication of science and technology (PCST) became evident in the face of the COVID-19 pandemic, which brought scientists closer to popular media in an unprecedented way. However, the training of these professionals to communicate with non-specialist audiences is still incipient. Thinking about contributing to initiatives that aim to meet this need, an environment of a PST magazine was simulated in which chemistry bachelor students, in the role of science journalists, were invited to write popular science texts (PST) on COVID-19. Goals: This work aims to analyze the textual content produced by students, highlighting the strengths and weaknesses of PST. Methods: To this end, the foundations of Content Analysis (CA) were used, which allowed the characterization of PST from the perspective of recurrent elements in this type of production. From this perspective, the material analyzed was submitted to a five-step process: (i) preparation of information; (ii) transformation of content into units of analysis; (iii) categorization of the material, which emerged from a PST Analytical Framework; (iv) description of the categories; (v) and interpretation of results. Results: The students used visual and textual resources to appeal to the reader's attention; showed concern with the contextualization of information; and dissemination of an undistorted view of scientific production, from the detailing of the characteristics of scientific activity. It was also shown that PST with less use of linguistic features can result in more conceptual and technical approaches. Conclusions: This experience corroborated the students' potential to promote information about science to lay audiences, as they are close to both the non-specialized public and the academic community; and reinforced the applicability of CA to relate analytical categories of PST reported in the literature to more particular cases, such as the one described here.