OBJETIVO: Determinar a prevalência de alterações nas enzimas hepáticas de trabalhadores de uma refinaria de petróleo localizada no Estado da Bahia em comparação a uma população de referência não ocupacionalmente exposta a produtos químicos, e descrever os fatores associados à variação nessa prevalência. MÉTODO: Foram avaliados os trabalhadores da refinaria e os funcionários do escritório da gerência administrativa da empresa, situada em Salvador, capital do Estado da Bahia. Estudaram-se amostras de sangue de 692 trabalhadores da refinaria e de 377 trabalhadores da população de referência. Classificaram-se como casos de alterações hepáticas indivíduos que apresentaram valores acima dos padrões de referência simultaneamente para gama-glutamiltransferase (GGT) (>50 U/L para o sexo masculino e >32 U/L para o sexo feminino) e alanina aminotrans- ferase (ALT) (>50 U/L). Foram coletadas informações sobre idade, sexo, peso, altura, tempo de serviço, uso de álcool, hábito de fumar, exercício físico, exposição ocupacional a produtos químicos, uso de equipamento de proteção individual e antecedentes médicos de hepatite, icterícia e obesidade. RESULTADOS: A prevalência de alterações hepáticas na refinaria foi de 15,3% (IC95%: 12,5 a 18,1), contra 3,8% (IC95%: 1,8 a 5,8) na população de referência. A análise de regressão logística múltipla estimou que os trabalhadores da refinaria apresentavam uma prevalência de alterações hepáticas 3,56 vezes maior (IC95%: 1,99 a 6,38) do que a prevalência observada na população de referência, independentemente de outras covariáveis relevantes, como obesidade, prática de exercícios físicos, fumo e bebida alcoólica. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que a exposição ocupacional desempenha um papel importante na determinação das alterações hepáticas nos trabalhadores dessa refinaria de petróleo.
OBJECTIVE: To determine the prevalence of liver changes in workers at an oil refinery located in the state of Bahia, Brazil, as compared to a reference population with no occupational exposure to chemical products, and to describe the factors associated with the observed differences in prevalence. METHODS: We studied workers at the refinery and at the company's central management office located in the city of Salvador, which is the state capital. Blood samples of 692 refinery workers and 377 workers from the reference population were analyzed. Cases were defined as individuals presenting high serum levels of both gamma-glutamyltransferase (GGT) and alanine aminotransferase (ALT) (GGT > 50 U/L for males and > 32 U/L for females; ALT > 50 U/L). Data were collected on age, sex, weight, height, years working for the company, use of alcohol, smoking habits, physical exercise, occupational exposure to chemical products, use of personal safety equipment, and medical history of hepatitis, jaundice, and obesity. RESULTS: The prevalence of liver changes among refinery workers was 15.3% (95% CI: 12.5 to 18.1), vs. 3.8% (95% CI: 1,8 to 5,8) in the reference population. According to multiple logistic regression analysis, the prevalence of liver changes among refinery workers was 3.56 times greater (95% CI: 1,99 to 6,38) than in the reference population, regardless of the presence of other relevant co-variables, such as obesity, exercise, smoking, and alcohol consumption. CONCLUSIONS: These results suggest that occupational exposure may play a major role in the development of liver changes among workers at the oil refinery where the study was carried out.