Resumo A maioria das mulheres nas prisões vem das camadas mais pobres da sociedade, com acesso limitado a educação, renda e serviços de saúde. Isso contribui para o fato de que presidiárias têm maior carga de eventos adversos à saúde do que presidiários do sexo masculino e mulheres da população em geral. Objetivamos estimar a prevalência de diferentes morbidades e fatores de risco entre presidiárias no Brasil. Um total de 1.327 mulheres foram recrutadas neste estudo transversal. Os dados foram coletados por meio de um questionário de autoentrevista com áudio assistido por computador, testes rápidos de anticorpos e exame físico. As maiores prevalências foram de sífilis, infecções sexualmente transmissíveis, hipertensão arterial, asma, transtornos mentais comuns e violência física grave. Em relação aos fatores de risco, 36,3% têm bom conhecimento sobre o HIV, 55,8% são fumantes, 72,3% já usaram alguma droga ilícita, 92,1% são sedentários e 92,1% mantêm alimentação não saudável. As presidiárias são desproporcionalmente afetadas por várias condições adversas de saúde. É necessário um sistema de vigilância eficaz dentro das prisões para o diagnóstico e tratamento precoce.
Abstract The majority of the women in prisons comes from the poorest strata of society with limited access to education, income and health services. This contributes to the fact that female prisoners have a higher burden of adverse health events than both male prisoners and women in general population We objectived to estimate the prevalence of different morbidities and risk factors among female prisoners in Brazil. A total of 1,327 women were recruited in this cross-sectional study. Data were collected using a using audio computer-assisted self-interviewing questionnaire, rapid antibody tests and physical examination. The higher prevalences was of syphilis, infection sexually disease, arterial hypertense, asthma, common mental disorders and severe physical violence. Regarding risk factors, 36.3% have good knowledge about HIV, 55.8% were smokers, 72.3% had ever used any illicit drug, 92.1% are sedentary and 92.1% maintained an unhealthy diet. Female prisoners are disproportionately affected by various adverse health conditions. There is a need for an effective surveillance system inside prisons for early diagnosis and treatment.