Resumo Objetivo Analisar a prática de profissionais médicos da Atenção Primária à Saúde (APS) de municípios polos de Residência em Saúde da Família e Comunidade em Minas Gerais (MG), Brasil. Método Trata-se de um estudo transversal e analítico, realizado de março a outubro de 2018 com médicos e médicos residentes que atuavam nas equipes de Estratégia Saúde da Família de oito municípios de MG. Avaliou-se as características sociodemográficas, a participação em capacitações específicas para demência e as práticas dos médicos no cuidado da pessoa idosa com demência. Resultados Dentre os profissionais, a maioria eram do sexo feminino (63,4%), possuíam até 30 anos de idade (57,7%) e não participaram de capacitação em demência (60%). Observou-se que a maior parte dos médicos diagnosticaram a patologia no estágio moderado a grave (67,5%). Entre as dificuldades para identificar casos de demências, destacaram-se: a baixa utilidade dos exames complementares (26,8%) e a dificuldade em diferenciar sinais e sintomas das demências de seus principais diagnósticos diferenciais (50%). A participação em capacitação influenciou nas dificuldades de identificação de casos (p=0,019), diferenciação de sinais e sintomas (p=0,018), confiança sobre o diagnóstico (p<0,001), responsabilização do diagnóstico pelo serviço especializado (p=0,019) e baixa disponibilidade de tempo dos profissionais (p=0,015). Conclusão O ensino prático direcionado à demência fornecido aos profissionais de saúde durante a formação médica ainda é incipiente e exige aperfeiçoamento, sendo necessárias intervenções educativas junto à equipe da APS e o aprimoramento dos protocolos voltados ao diagnóstico precoce e ao manejo das demências.
Abstract Objective To analyze the practice of medical professionals in Primary Health Care (PHC) in municipalities that are centers of Residency in Family Healthcare in Minas Gerais (MG), Brazil. Method This is a cross-sectional and analytical study carried out from March to October 2018 with doctors and resident doctors who worked in the Family Health Strategy teams in eight municipalities in MG. The sociodemographic characteristics, participation in specific training for dementia, and practices of doctors in caring for the old person with dementia were evaluated. Results Among the professionals, most were female (63.4%) aged 30 years or less (57.7%), and did not participate in training for dementia (60%). It was observed that most doctors diagnosed the pathology in the moderate to the severe stage (67.5%). Among the difficulties in identifying cases of dementia, the following stood out: poor use of complementary exams (26.8%) and difficulty in differentiating signs and symptoms of dementia from their main differential diagnoses (50%). Participation in training influenced the difficulties in identifying the cases (p=0.019), differentiation of signs and symptoms (p=0.018), confidence in the diagnosis (p<0.001), responsibility for the diagnosis by the specialized service (p=0.019), and low availability of time by professionals (p=0.015). Conclusion Practical education in dementia provided to health professionals during medical training is still incipient and requires improvement, demanding educational interventions with the PHC team, and improvement of protocols aimed at early diagnosis and management of dementia.