RESUMO: O artigo busca analisar “Literatura e subdesenvolvimento” (1970), de Antonio Candido, a partir da leitura de The Climate of History in a Planetary Age (2021), de Dipesh Chakrabarty. Nesse livro, Chakrabarty procura averiguar as motivações dos líderes anticoloniais de meados do século XX em suas buscas pelo desenvolvimento de seus países. Esse gesto analítico, segundo nossa leitura, consiste em um modo de aproximar o conhecimento sobre o Antropoceno do pensamento pós-colonial e de indicar os limites dos desejos de modernização terceiro-mundistas em tempos de crise climática. “Literatura e subdesenvolvimento”, nesse sentido, se torna um texto revelador das ambições de um dos mais importantes críticos de cultura do Brasil. Ao reivindicar a dependência nos planos literário, político e econômico, Antonio Candido expõe os anseios modernizantes de toda uma geração. Nosso intuito é fazer emergir, por meio da teoria pós-colonial, o projeto modernizador que o texto insinua, problematizando seus métodos diante do Antropoceno.
ABSTRACT: The article aims to analyze Antonio Candido’s Literatura e subdesenvolvimento (1970) out of the reading of Dipesh Chakrabarty’s The Climate of History in a Planetary Age (2021). In his book, Chakrabarty seeks to understand the motivations of mid-20th century anticolonial leaders in their fight for local development. His analysis, according to our reading, consists of a way of bringing the Anthropocene and its problematics close to postcolonial criticism and indicating the limits of Third World desires for modernization in times of climate change. Literatura e subdesenvolvimento, in this sense, reveals the ambitions of one of the most important Brazilian cultural critics. By claiming literary, political, and economic dependence, Antonio Candido expresses the modernizing aspirations of an entire generation. Our aim is to bring out the modernizing project that the text insinuates with the aid of postcolonial theory and to question its methods in the face of the Anthropocene.