O uso de múltiplos medicamentos é uma condição freqüente entre os idosos, que, apesar de necessária, na maioria das vezes, predispõe a riscos em relação aos efeitos adversos e à interação medicamentosa. No presente estudo foi proposto verificar as características do uso de medicamentos, entre os idosos, considerando o perfil sócio-demográfico, as classes medicamentosas mais utilizadas por eles e dados referentes à adesão. Trata-se de um estudo descritivo, realizado com 301 idosos da área de abrangência de um Programa Saúde da Família (PSF), por meio de um inquérito realizado no domicilio do idoso, seguindo roteiro previamente estruturado. Destaca-se, entre os idosos, o predomínio do sexo feminino, analfabetismo, alterações no estado cognitivo e dependências diversas. Apresentam, em média, 2,5 diagnósticos e utilizam 2,9 medicamentos/idoso. Alguns dos medicamentos são considerados de risco para a faixa etária. Dados de adesão aos medicamentos revelam dependência na administração, automedicação, esquecimento e conhecimento deficiente. Considera-se necessário acompanhamento sistemático dos idosos que utilizam múltiplos medicamentos, incentivo a medidas não-farmacêuticas, com ênfase nas ações educativas para mudança no estilo de vida, contando com uma equipe multiprofissional.
The use of multiple medicines is frequent among the elderly. Although such practice is usually necessary, it predisposes to risks of adverse events and drug interaction. The present study was intended to verify the characteristics of medication among the elderly in relation to socio-demographic profile, the most commonly used drug classes, and treatment adherence. This was a descriptive study that included 301 elderly in the coverage area of a Family Health Program, using a previously structure home interview. The sample was predominantly female, with a high illiteracy rate and alterations in cognitive status and various forms of dependency. The subjects showed an average of 2.5 diagnoses and used 2.9 drugs per individual. Some of the drugs are classified as high-risk for the age bracket. Treatment adherence data showed dependence on others for administration, self-medication, forgetfulness in relation to medication, and insufficient knowledge of the drugs taken. Systematic follow-up is needed for elderly persons using multiple medicines, in addition to encouragement for non-pharmaceutical measures and an emphasis on educational measures for lifestyle change, backed by a multidisciplinary team.