OBJETIVO: analisar a ocorrência de gemelaridade conjugada em um hospital universitário de referência terciária em perinatologia durante 25 anos (janeiro de 1982 e janeiro de 2007) e descrever a separação bem sucedida de um dos pares. MÉTODOS: para este fim, utilizamos retrospectivamente o banco de dados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, obtendo o número de pares de gêmeos conjugados, sua frequência, classificação, gênero, forma de resolução da gravidez, tentativa de separação cirúrgica, diagnóstico pré-natal e sobrevida. RESULTADOS: detectamos 14 pares de gêmeos conjugados (1/22.284 nascidos vivos e 1/90 pares de gêmeos nascidos vivos) nascidos neste período (seis masculinos, sete femininos e um com sexo indeterminado). O diagnóstico pré-natal foi realizado em todos os gêmeos, e os nascimentos ocorreram por cesariana. A separação só foi possível em um dos pares, que sobrevivem em ótimas condições de saúde após oito anos. Dos 13 restantes, dez morreram no mesmo dia do nascimento e três sobreviveram apenas alguns meses (menos de um ano). CONCLUSÃO: apesar de este estudo evidenciar um número anormalmente alto de gêmeos conjugados, trata-se de um fenômeno raro, de prognóstico perinatal reservado e dependente do compartilhamento de órgãos entre os gêmeos e malformações associadas, em especial relacionadas ao coração dos fetos. Devido ao mau prognóstico dos pares e do comprometimento reprodutivo materno pela necessidade de realização de cesariana com grandes incisões uterinas, propomos que, com base nestes números, seja solicitada a interrupção precoce destas gestações, como ocorre com outras doenças fetais incompatíveis com a sobrevida extrauterina. Desta forma, a confirmação diagnóstica e a resolução da gravidez de gêmeos conjugados deve ser realizada em centro de atendimento terciário tanto obstétrico quanto perinatal, e a autorização para a interrupção da gestação obtida por via judicial.
PURPOSE: to analyze the occurrence of conjoined twins at a tertiary perinatology reference university hospital over a period of 25 years (January 1982 to January 2007) and to describe the successful separation of one of the pairs. METHODS: we consulted retrospectively the database of the University Hospital of the Medical School of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Brazil, in order to determine the number of pairs of conjoined twins, their frequency, classification, gender, type of pregnancy resolution, attempted surgical separation, prenatal diagnosis and survival. RESULTS: we detected 14 pairs of conjoined twins (1/22,284 live births and 1/90 pairs of twin live births) born during this period (six males, seven females and one of indeterminate sex). The prenatal diagnosis was performed in all twins and all births were accomplished by cesarean section. The separation was possible in only one pair, which survives in excellent health conditions after eight years. Of the remaining 13, ten died on the day of birth and three survived only a few months (less than one year). CONCLUSION: Although our study revealed an abnormally high number of conjoined twins, this is a rare phenomenon, with a poor perinatal prognosis depending on the organs shared by the twins and associated malformations, especially those related to the fetal heart. Due to the poor prognosis of these pairs and to the maternal reproductive impairment caused by the need to perform body cesareans, we suggest that, based on these numbers, early interruption of these pregnancies be legally granted, as in the case of other diseases incompatible with fetal survival outside the uterus. Thus, the confirmation of a diagnosis of conjoined twins and the resolution of pregnancy should be performed at a tertiary obstetric and perinatal care center, and an authorization for the interruption of pregnancy should be obtained by judicial means.