Sementes de Cratylia floribunda foram moídas e o seu extrato salino solúvel foi fracionado para obter-se as frações protéicas albumina, globulina, prolamina, glutelina ácida e glutelina básica. Estas frações protéicas foram examinadas quanto a presença de algum receptor endógeno para a lectina da semente através de eletroforese em gel de poliacrilamida em presença de SDS, western blot, cromatografia de afinidade em coluna de Sepharose 4B contendo a lectina de Cratylia floribunda (CFL) imobilizada e análise cinética em tempo real baseada em ressonância plasmônica de superfície. A fração prolamina foi a mais rica em proteínas, embora pobre em atividade hemaglutinante. Glutelina básica foi a fração menos interessante quanto ao teor protéico e atividade hemaglutinante, embora tenha considerável teor de carboidratos. A lectina estava presente em todas as frações protéicas de acordo com os testes de atividade hemaglutinante, porém a fração de glutelinas básicas quase não apresentou atividade. Exceto as prolaminas, bandas protéicas foram detectadas em todas as outras frações protéicas por SDS-PAGE. A técnica de western blot usando Con-A conjugada a digoxigenina revelou uma única banda nas frações albumina, globulina, prolamina, glutelinas ácidas e básicas, que interagiu especificamente com a ConA. Esta banda apresentou exatamente a mesma localização nestas frações e pareceu mais evidente nas globulinas. Cromatografia de afinidade das frações protéicas sobre a coluna de Sepharose 4B-CFL produziu um pico que foi eluído da coluna apenas após a adição de tampão glicina ou solução de um açúcar inibidor da lectina (alfa-D-manose). Estes resultados foram completamente confirmados através dos estudos de interação em tempo real das mesmas frações com a lectina CFL imobilizada, também sugerindo a presença de um receptor endógeno nas frações albumina, globulina e glutelinas básicas. Como um todo, os resultados sugerem que a lectina de sementes de Cratylia floribunda reconhece um receptor específico e que esta interação deveria ser mediada pelo sítio de interação a carboidratos.
Cratylia floribunda seeds were ground and the clean crude saline extract was fractionated into albumin, globulin, prolamin, acidic and basic glutelin protein fractions. These protein fractions were examined for the presence of an endogenous lectin receptor by SDS-polyacrylamide gel electrophoresis, western blot, affinity chromatography on a Sepharose 4B-Cratylia floribunda (CFL) lectin column and kinetic analysis in real time by surface plasmon resonance (SPR). Prolamin was the richest protein fraction although very poor in haemagglutinating activity. Basic glutelin was far the less interesting fraction for lectin activity and protein content, even though this fraction contains considerable amounts of carbohydrates. Lectin was present in all protein fractions as estimated by haemagglutinating assays but basic glutelins were almost devoid of lectin activity. Except for prolamins, protein bands were detected by SDS-PAGE in all other fractions. Western blot using digoxigenin labelled Con A revealed a single band in the albumin, globulin, acidic and basic glutelin fractions, which specifically interacted with ConA. This band migrated exactly at the same position in such fractions and seemed to be more important in the globulins. Affinity chromatography of the protein fractions on a Sepharose-CFL column yielded a peak, which was only recovered after elution with acidic buffered solution or with an alpha-D-mannose solution and the monosaccharide was recognized by the lectin. These results were fully corroborated by real time interaction of immobilized CFL with the different soluble protein fractions suggesting the presence of a lectin receptor within albumins, globulins and basic glutelins. As a whole, the results suggest that the lectin from Cratylia floribunda recognizes a soluble endogenous glycosylated receptor through an interaction mediated by its carbohydrate-binding site.