Resumo: Um dos objetivos deste texto foi mostrar que o uso do conceito de classe social pelo feminismo camponês, feminismo este elaborado e defendido no Brasil pelo Movimento de Mulheres Camponesas - MMC, se faz de maneira legítima, porém é um feminismo pouco reconhecido mesmo pela esquerda. A produção marxista sobre o campesinato posterior às obras de Kautsky e Lenin, ambas de 1899, que indicavam um desaparecimento desse tipo de agricultores, não defende mais essa premissa. O campesinato não só permanece em diferentes formações sociais, sejam capitalistas ou socialistas, como imprimem sua marca no entorno mais amplo. Para Theodor Shanin, eles se constituem em uma ‘classe política’, por sua capacidade de lutar por suas demandas. Outro objetivo foi mostrar uma nova perspectiva de feminismo, defendida por Silvia Federici, que, mesmo não classista, constitui-se em uma forma de luta anticapitalista e, nesse sentido, se aproxima do feminismo camponês. Como método, procuramos ver pontos comuns ou passíveis de diálogo na produção marxista recente das militantes do MMC, na produção acadêmica e na das organizações que discutem este tema. Concluímos que um diálogo entre as várias perspectivas é urgente.
Abstract: One purpose of this paper is to argue that the use of the concept of social class made within Brazilian peasant feminism as developed and defended by the Peasant Women’s Movement (Movimento de Mulheres Agricultoras - MMC) is legitimate, if undervalued even by the Left. Marxist work on peasantry produced after Kautsky’s and Lenin’s 1899 works alleging the disappearance of this type of farming ceased to support this premise. Peasantry not only remains in different social formations, whether capitalist or socialist, but it leaves an imprint in the wider circle. For Theodor Shanin, it can be said to form a political class by its ability to fight for its demands. Another goal of this article is to introduce a new perspective on feminism as upheld by Silvia Federici, which, while not classist, holds it to be a form of anti-capitalist struggle, therefore approximating peasant feminism. As for methodology, we sought to find the points of commonality or interlocution between recent Marxist production within the MMC, academic production and organizations dealing with this theme. We conclude that establishing a dialogue between the different perspectives is urgent.
Resumen: Uno de los objetivos del texto fue mostrar que el uso del concepto de clase social elaborado y defendido en Brasil por el Movimiento de Mujeres Campesinas - MMC, se hace de forma legítima, sin embargo es un feminismo poco reconocido, incluso, por la izquierda. La producción marxista sobre el campesinado, posterior a las obras de Kautsky y Lenin, ambas de 1899, que aludía al desaparecimiento de este tipo de agricultores, no defiende más esta premisa. El campesinado no sólo permanece en diferentes formaciones sociales, sean capitalistas o socialistas, imprime también su marca en un entorno más amplio. Para Theodor Shanin, el campesinado se constituye en una ‘clase política’, por su capacidad de luchar por sus demandas. Otro objetivo fue mostrar una nueva perspectiva de feminismo, defendida por Silvia Federici, que, aunque no es clasista, se constituye en una forma de lucha anticapitalista y, en ese sentido, se acerca al feminismo campesino. Como método, procuramos ver puntos comunes o posibles de diálogo en la producción marxista reciente de las militantes del MMC, en la producción académica y en la de las organizaciones que discuten el tema. Concluimos que es urgente un diálogo entre las diferentes perspectivas.