Resumo Objetivo: estimar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos e de seus principais fatores de risco em catadoras de marisco em uma comunidade na Bahia. Métodos: estudo epidemiológico transversal descritivo, com dados coletados em 2017 e análise estatística descritiva. Resultados: foram entrevistadas 139 mulheres, com idade média de 44,3 anos: 66,9% casadas, 89,2% pardas/pretas, 93,5% com filhos, 57,6% com escolaridade até o fundamental incompleto, e com renda mensal média de R$ 234,00 (menos de US$ 60). Predominaram trabalhadoras que exerciam a ocupação por um período ≤30 anos (58,3%), com carga horária diária de até 6 horas (54,0%), sem pausa para almoçar (89,9%), que carregavam até 25 kg em um dia de trabalho (57,6%), por um período ≤60 minutos (73,5%), e que avaliaram as condições de trabalho como muito ruim/ruim (60,4%). Todas relataram dores musculoesqueléticas e as principais queixas foram na região das costas. Evidenciaram-se como fatores de risco: excesso de movimento, muito tempo de trabalho com sobrecarga nos membros superiores, falta de descanso e ritmo de trabalho acelerado. Conclusão: as catadoras de marisco estão expostas a fatores de risco que as predispõem a lesões por esforço repetitivo e doenças relacionadas ao trabalho, o que pode explicar a alta prevalência constatada.
Abstract Objective: to estimate the prevalence of musculoskeletal disorders and their main risk factors in shellfish pickers from a fishing community in the state of Bahia, Brazil. Methods: cross-sectional descriptive epidemiological study, with data collected in 2017 and a descriptive statistical analysis. Results: we interviewed 139 women, aged 44.3 on average: 66.9% were married, 89.2% had brown[parda]/black skin color, 93.5% had children, 57.6% did not conclude elementary school, and had an average monthly income of R$ 234.00 (less than US$ 60.00). They had been working for up to 30 years in this occupation (58.3%), with a daily working time of up to 6 hours (54.0%), without lunch break (89.9%), carrying up to 25kg during a working day (57.6%), for up to 60 minutes (73.5%). They rated their working conditions as very bad or bad (60.4%). All of them reported musculoskeletal pain, especially in the back region. The risk factors evidenced were: excessive movement, long working hours with overburden of the upper limbs, lack of rest and fast-paced work. Conclusion: shellfish pickers are exposed to risk factors that predispose them to repetitive strain injuries and work-related musculoskeletal disorders, which may explain the high prevalence observed.