Resumo Este artigo analisa as trajetórias militantes de Maurício Grabois, Elza Monnerat e João Amazonas, membros do Partido Comunista do Brasil enviados à região do Araguaia para organizar um movimento armado contra a ditadura civil-militar instaurada com o golpe de 1964. O objetivo é apreender o processo de construção do sentido de um engajamento político que implicava em alto risco para os militantes. Em diálogo com a literatura sobre movimentos sociais, são analisadas a disponibilidade biográfica dos agentes, sua identificação ideológica com o movimento, suas redes sociais e o impacto da repressão estatal. Mais velhos do que a média da esquerda armada do período, esses militantes compartilhavam uma longa trajetória no partido comunista, durante a qual as predisposições criadas com a socialização militante foram corroboradas por mudanças no contexto político nacional e internacional, experiências coletivas e individuais de perseguição, clandestinidade, prisão e pelas mudanças ocorridas no interior da sua organização.◊
Abstract This article presents the militant trajectories of Maurício Grabois, Elza Monnerat, and João Amazonas, members of the Communist Party of Brazil sent to the Araguaia region to organize an armed movement against the Brazilian civil-military dictatorship established with the 1964 coup. I aim to shed light on the construction of a high-risk militant engagement. Drawing on the literature on social movements, these trajectories are presented observing the agents’ biographical availability, their ideological identification to the movement, their social networks, and the role of state repression. These militants were older than most Brazilians who joined the armed left. During their long paths as militants for the communist party, the predisposition created by their militant socialization was corroborated by national and international political events, the collective and personal experiences of persecution, prison, living underground, and the changes in their organization.