Resumo Com base na experiência de trabalho em plataformas de um dos países com maior oferta de mão de obra, as Filipinas, o artigo revela o papel de uma categoria de trabalho emergente – aquela dos influenciadores do trabalho digital – que promove a viabilidade local do trabalho em plataforma em meio a condições precárias e ambíguas. Por meio de observação participante em grupos do Facebook, análise dos canais e vídeos do YouTube e entrevistas com influenciadores e trabalhadores digitais, apresentamos reflexões sobre as intervenções desses influenciadores que ancoram suas estratégias naquilo que chamamos de “trabalho digital bayanihan”: (a) oferecendo mentoria (coaching) a trabalhadores sobre as “possibilidades” da economia de plataformas e sobre como conduzir-se em meio a suas ambiguidades estruturais; (b) atuando como “agências” que ajudam os trabalhadores a cruzar fronteiras e a moverem-se com fluidez entre plataformas e tipos de trabalho para mitigar os efeitos da busca pelas empresas de mão de obra mais barata além-fronteiras e da sazonalidade do trabalho; e (c) conectando trabalhadores geograficamente dispersos de modo a criar um espaço de apoio em que oportunidades de trabalho são trocadas e debatidas. Argumentamos que essas estratégias afetivas atendem às aspirações de trabalhadores e trabalhadoras filipinas, por meio de uma estratégia de caráter comunitário encapsulada em um valor cultural tipicamente filipino, o bayanihan, que constrói um suporte coletivo para que os trabalhadores de plataformas possam mover-se um mercado precário. Exploramos a natureza transacional subjacente a essa relação “produtor-público”, a ativação da confiança e influência através de práticas personalizadas e encontros mediados, e a dinâmica de poder subjacente a esses relacionamentos. O artigo mostra que essas estratégias também estabelecem normas e padrões nesse setor em grande parte não regulamentado, impactando a forma como a mobilidade ou a precariedade do trabalho se organizam localmente em meio a “mercados de trabalho globais”.
Abstract Drawing from experience of platform labor in one of the largest labor supplying countries, the Philippines, the paper demonstrates the role of an emerging labor category – that of digital labor influencers – who promote the viability of platform labor locally amid its precarious and ambiguous conditions. Through participant observation in Facebook groups, analysis of YouTube channels and videos, and interviews with digital labor influencers and workers, we present insights into the interventions that these influencers use, anchoring their strategies on what we call performing “digital labor bayanihan”: (a)coachingworkers on the “possibilities” of the platform economy and on how to navigate its structural ambiguities, (b) by acting as “agencies”, they aid workers tospan boundariesand fluidly move across platforms and job types to mitigate labor arbitrage and labor seasonality; and (c)bridging geographically dispersed workers, which allow them to form a supportive space where opportunities for labor are exchanged and debated. We argue that these affective strategies attend to Filipino workers’ labor aspirations through a community-oriented strategy encapsulated in a distinct Filipino cultural value bayanihan, which then shapes the collective “anchoring” of platform workers to navigate a precarious market. We explore the transactional nature underlying this “producer-audience” relationship, the activation of trust and influence through personalized practices and mediated encounters, and the power dynamic underlying these engagements. The paper shows that these strategies also set norms and standards in this largely unregulated sector, playing a role in how labor mobility or precarity are organized locally amid “planetary labor markets”.