Resumo Neste estudo, analisamos dados climáticos, um modelo de balanço hídrico e dados de caducifolia de árvores com o objetivo de determinar a fisionomia de uma floresta em São João de Petrópolis, região central do Espírito Santo, Brasil. Hipotetizamos que a floresta estudada seria um remanescente das florestas decíduas relatadas por naturalistas nos séculos XIX e XX, apesar do atual Mapa de Vegetação do Brasil indicar apenas florestas pluviais para a localidade. Dados obtidos de uma estação meteorológica local indicam que o clima é quente e com distribuição sazonal de chuvas. Embora a estação seca tenha durado seis meses em média (abril-setembro), períodos secos mais longos foram recorrentes nas últimas quatro décadas. Dentre 354 árvores amostradas no estrato superior da floresta no final da estação seca, 65,2% não possuíam folhagem, 18,1% possuíam folhagem parcial e 16,7% possuíam folhagem completa. A proporção de árvores sem folhagem foi superior a 60% em todas as classes de altura desse estrato. Esses atributos, bem como alguns registros de espécies arbóreas típicas de florestas estacionais, confirmam que a floresta é estacional decídua. Nossos resultados refinam o Mapa de Vegetação do Brasil e podem fomentar discussões sobre a controversa classificação das florestas do Estado do Espírito Santo.
Abstract In this study we analyzed climatic data, a water balance model, and data on tree deciduousness aiming to determine the physiognomy of a forest in São João de Petrópolis, central Espírito Santo, Brazil. We hypothesized that the studied forest stand would be a remnant of the deciduous forests that were reported by naturalists in both centuries XIX and XX, even though the current Vegetation Map of Brazil indicates only dense rainforests for this place. Data obtained from a local weather station indicate that climate in the site is hot and with seasonal distribution of rainfall. Although the dry season has lasted in average six months (April-September), dry periods longer than six months were recurrent throughout the four last decades. Among the 354 trees that were sampled in the upper storey at the end of the dry season, 65.2% had no foliage, 18.1% had partial foliage, and 16.7% had full foliage. Percentages of deciduous trees were higher than 60% in all height classes of the upper storey. These attributes, as well as some records of tree species that are typical of seasonal forests, confirm that the forest is seasonal deciduous. Our results refine the Vegetation Map of Brazil and may foment discussions about the controversial classification of the forests of Espírito Santo state.