Resumo: Introdução: As situações de emergência requerem ações e decisões rápidas por parte do médico, que deve articular competências técnicas, como o conhecimento e as habilidades clínicas, para o diagnóstico, e não técnicas, como a liderança e o trabalho em equipe, para proporcionar a assistência segura. Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer as percepções dos professores médicos sobre o ensino das competências não técnicas para o atendimento de situações de emergência, no contexto de um curso de graduação em Medicina. Método: Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, desenvolvida com 24 professores médicos de um curso de Medicina em fase de implantação. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, com uso de roteiro semiestruturado, gravadas em áudio, com o consentimento dos participantes. Para análise dos dados, utilizou-se análise temática. Resultados: A análise das entrevistas possibilitou a construção de dois temas: “Ensinar urgência e emergência: uma reprodução de procedimentos” e “A transição de racionalidades no ensino das competências não técnicas para atendimentos de emergência”, com os subtemas, “Competência não técnica: por mais que eu ensine você não vai aprender” e “É possível desenvolver as competências não técnicas”. Conclusões: No grupo estudado, sobressai a visão tecnicista, em que se enfatiza o ensino técnico-procedimental para assistência às situações de emergência. Entretanto, coexistem diferentes concepções de ensinar e aprender, indicando uma transição de racionalidades que perpassa o entendimento dos professores. Ressalta-se a necessidade de propostas de desenvolvimento permanente do corpo docente que possibilitem repensar criticamente as concepções de aprendizagem no campo das emergências, sobretudo no âmbito dos novos cursos de graduação em Medicina.
Abstract: Introduction: Emergency situations require rapid response and decisions by the physician, who must articulate technical skills, such as knowledge and clinical skills for the diagnosis, and non-technical skills, such as leadership and teamwork, to provide safe care. Objective: To know the medical faculty’s perceptions on the teaching of non-technical skills for emergency care in the context of an undergraduate medical course. Method: Qualitative, exploratory and descriptive study developed with 24 medical teachers of a medical course in the implementation phase. Data collection was performed through interviews, using a semi-structured script, recorded in audio, with the participants’ consent. Thematic analysis was used for the data analysis. Results: the analysis of the interviews allowed the construction of two themes: “Teaching urgency and emergency: a reproduction of procedures” and “The transition of rationalities in teaching non-technical skills for emergency care”, with the subthemes, “Non-technical skills: however much I teach you, you will not learn” and “It is possible to develop non-technical skills”. Conclusions: In the studied group, a technicist vision stands out, emphasizing technical and procedural teaching to assist emergency situations. However, different conceptions of teaching and learning coexist, indicating a transition of rationalities that permeates the teachers’ understanding. The need for proposals for the continuing development of the faculty is emphasized, allowing critically rethinking the conceptions of learning in the field of emergencies, especially in the context of new undergraduate medical courses.