Resumo Objetivo Avaliar os resultados anatômicos e funcionais da técnica laparoscópica modificada de Vecchietti para a criação de uma neovagina em pacientes com aplasia vaginal congênita. Métodos Estudo retrospectivo de nove pacientes com aplasia vaginal congênita submetidas à técnica laparoscópica modificada de Vecchietti, no nosso departamento, entre 2006 e 2013. Os resultados anatômicos foram aferidos através da avaliação do comprimento, largura e reepitelização da neovagina nas consultas pós-operatórias. Os resultados funcionais foram avaliados com recurso à versão em português do questionário Female Sexual Function Index de Rosen, comparando os resultados das pacientes aos de um grupo de controle de 20 mulheres saudáveis. A análise estatística foi realizada utilizando o programa SPSS Statistics versão 19.0), o teste t de Student, teste U de Mann-Whitney e teste exato de Fisher. Resultados A etiologia subjacente à aplasia vaginal foi a síndrome de Mayer-Roki-tansky-Küster-Hauser em oito casos, e a síndrome de insensibilidade aos andrógenos em um caso. O comprimento vaginal médio pré-operatório era de 2,9 cm. À data da cirurgia, a média de idade das pacientes era de 22,2 anos. A cirurgia foi realizada com sucesso em todos os casos, sem registo de complicações intra ou pós-operatórias. Na primeira avaliação pós-operatória (6 a 8 semanas após a cirurgia), o comprimento vaginal médio foi de 8,1 cm. Em todos os casos, a neovagina estava reepitelizada e com amplitude adequada. As pontuações médias, total e de cada domínio, obtidas no questionário de avaliação da função sexual não diferiram significativamente das do grupo controle: 27,5 vs 30,6 (total); 4.0 vs 4.2 (desejo); 4,4 vs 5,2 (excitação); 5,2 vs 5 , 3 (lubrificação); 4,2 vs 5,0 (orgasmo); 5,3 vs 5,5 (satisfação) e 4,4 vs 5,4 ( conforto ). Conclusões A técnica laparoscópica modificada de Vecchietti é um procedimento simples, seguro e eficaz, permitindo às pacientes com aplasia vaginal congênita uma atividade sexual satisfatória, comparável à dos controles normais.
Abstract Purpose To evaluate the anatomic and functional results of a laparoscopic modified Vecchietti technique for the creation of a neovagina in patients with congenital vaginal aplasia. Methods Retrospective study of nine patients with congenital vaginal aplasia submitted to the laparoscopic Vecchietti procedure, in our department, between 2006 and 2013. The anatomical results were evaluated by assessing the length, width and epithelialization of the neovagina at the postoperative visits. The functional outcome was evaluated using the Rosen Female Sexual Function Index (FSFI) questionnaire and comparing the patients' results to those of a control group of 20 healthy women. The statistical analysis was performed using SPSS Statistics version 19.0 (IBM, Armonk, NY, USA), Student t-test, Mann-Whitney U test and Fisher exact test. Results The condition underlying the vaginal aplasia was Mayer-Rokitansky-KüsterHauser syndrome in eight cases, and androgen insensitivity syndrome in one case. The average preoperative vaginal length was 2.9 cm. At surgery, the mean age of the patients was 22.2 years. The surgery was performed successfully in all patients and no intra or postoperative complications were recorded. At the first postoperative visit (6 to 8 weeks after surgery), the mean vaginal length was 8.1 cm. In all cases, the neovagina was epithelialized and had an appropriate width. The mean FSFI total and single domain scores did not differ significantly from those of the control group: 27.5 vs. 30.6 ( total); 4.0 vs. 4.2 (desire); 4.4 vs. 5.2 (arousal); 5.2 vs. 5.3 (lubrication); 4.2 vs. 5.0 ( orgasm); 5.3 vs. 5.5 (satisfaction) and 4.4 vs. 5.4 ( comfort ). Conclusions This modified laparoscopic Vecchietti technique is a simple, safe and effective procedure, which allows patients with congenital vaginal aplasia to have a satisfactory sexual activity, comparable to that of normal controls.