RACIONAL: Câncer gástrico avançado é sempre acompanhado de pobre prognóstico. A melhor forma de ser realizada a linfadenectomia e o valor da radioquimioterapia adjuvante ainda estão em tela de juízo. OBJETIVO: Estudar a eficácia da terapia adjuvante e o valor prognóstico de algumas variáveis clínico-patológicas nos pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de seus tumores. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de uma única instituição hospitalar incluindo 69 pacientes com diagnóstico histológico de adenocarcinoma gástrico consecutivamente submetidos à operação radical com intenção curativa no período de cinco anos. Linfadenectomia foi tanto D1 como D2 e em todos os pacientes foi aplicado o protocolo quimioradioterápico proposto por Macdonald et al.². Interrupção do tratamento bem como mortes precoces foram consideradas eventos tóxicos sérios. Variáveis clínico-patológicas (extensão do D, estadiamento T/N, subtipos histológicos e número de linfonodos ressecados), foram correlacionados com os resultados. A sobrevida total foi estimada de acordo com o método de Kaplan-Meier. RESULTADOS: Foram 48 homens e 21 mulheres, com idade média de 56,4 anos. Em 25 pacientes a extensão da linfadenectomia foi D1; em 41, D2 e em 3, D0. O estadiamento T2 foi em 16 pacientes; T3 em 49; T4 em 4; N0 em 11; N1 em 29; N2 em 20; N3 em 8; Nx em 1. O subtipo histológico intestinal ocorreu em 45; o difuso em 19 e desconhecido em 5. Em 57 pacientes as margens estavam livres de tumor e foram ressecados em média 31 linfonodos. Foram tratados por acelerador linear 6 MV, AP/PA campos com 45Gy em cinco semanas em 90% dos casos com média de tratamento de 19,2 semanas. No tempo médio de seguimento de 19,3 meses, entre 52 pacientes com mais de 24 meses foram observadas 38 mortes. O tempo médio geral de sobrevida do grupo como um todo foi de 22,2 meses. Sete (10%) apresentaram eventos tóxicos sérios e o tratamento foi interrompido. Seis (8,6%) recusaram a continuar no grupo de estudo. Toxicidade foi considerada GI/GII em 52, GIII em 10 e GIV em 1. Ocorreram 6 recidivas locais, duas loco-regionais, locais e à distância em 5, regionais em 9, regionais e à distância em 2 e somente à distância em 4. Dois pacientes progrediram em sua doença e em 11 perdeu-se o seguimento (16%). Vinte e oito (40,5%) estavam vivos e sem doença até o encerramento da pesquisa. Em 52 com seguimento mais longo, a análise estatística mostrou que a melhor sobrevida se deu naqueles com T2 vs T3/T4, N0/N1 vs N2/N3 e com margens livres. Não houve diferença estatística entre os estadiamentos T, N ou o tempo de sobrevida quando comparou-se estes indicadores com o procedimento cirúrgico aplicado (D1 ou D2). CONCLUSÕES: Nos pacientes com tumores avançados do estômago submetidos à quimioradioterapia adjuvante, a dissecção D2 não foi superior à D1 nas variáveis estudadas. Naqueles com comprometimento das margens cirúrgicas o prognóstico é muito pobre e a adição de terapia adjuvante parece não melhorar a sobrevida desses pacientes.
BACKGROUND: Advanced gastric cancer carries a poor-prognosis. The best extent of the node dissection and the value of postoperative adjuvant treatments remain open questions. AIM: To study the efficacy of adjuvant chemoradiation and the prognostic value of some clinico-pathological variables in gastric cancer previously submitted to surgery. METHODS: Retrospective single institution study of 69 patients with histological diagnoses of gastric adenocarcinoma, consecutively submitted to radical surgery with curative intent in a five years period. Lymph node dissection was either D1 or D2 at the surgeon's description. All patients were submitted to adjuvant chemoradiation according to MacDonald et al.². Treatment discontinuation and early deaths were considered as serious toxic events. Clinical-pathological variables (the extent D level of the node dissection, T/N-stage, histological subtype, margin status, number of the dissected nodes) were correlated to the results. Overall survival was estimated according to the Kaplan-Meier method and the curves were compared by the log-rank test. RESULTS: Patients characteristics: 48 male/21 female, median age 56,4 y (30-79). In 25 patients, the extent of node dissection was D1, in 41 was D2 and D0 in 3. Staging (n): T2 (16); T3 (49); T4 (4); No (11); N1 (29); N2 (20); N3 (8); Nx (1). Histological subtype: intestinal (45), diffuse (19) and unknown (5). Margins were free in 57 patients, the median number of dissected nodes was 31 (0-120). They were treated with linear acelerator 6 MV photons, AP/PA fields with 45Gy in 5 weeks in 90% of the patients and the treatment was done in a mean time of 19,2 weeks. In the median follow-up of 19,3mo (8-52,5mo), 52 patients with more than 24 months of follow-up occurred 38 deaths. The median overall survival for all patients was 22,2 months. Seven (10%) patients presented serious toxic events and treatment was discontinued. Six (8,6%) refused to continue the treatment. The acute toxicity was predominantly gastrointestinal (63), neurological (2), hematological (3), stroke (1). Toxicity was considered GI/GII (52), GIII (10) and GIV (1). Recurrences were local (6); loco-regional (2); local and distant (5); regional (9); regional and distant (2) and only distant (4). There were two patients with progression of the disease and 11 were lost of the follow-up (16%). Twenty eight (40,5%) were alive without disease. In the 52 patients with longer follow-up the Kaplan Mayer analysis showed: better overall survival was observed in those patients presenting T2 versus T3/T4 tumors (not reached vs 17,3 mo, HR 0,35, 95%CI , P=0,03), N0N1 vs N2/N3 tumors (32,7 mo vs 14,5 mo, P=0,0041) and free vs compromised surgical margins (25,7 vs 17,2 mo, P=0,03). No difference in either T (P=0,430, Fisher exact test), N-stage (P= 0,077), or overall survival (27,1 mo vs 17,3 mo, P=0,28) were detected between patients submitted to D1 or D2 dissections. CONCLUSIONS: In this high-risk population of gastric cancer submitted to adjuvant chemoradiation, D2 dissection was not superior to D1 when chemoradiation was administered, in spite of the retrospective nature of these data and the low number of studied patients. Patients with compromised surgical margins have a very poor prognosis and the addition of chemoradiation seems not improve the survival of these patients.