Este artigo analisa fragilidades conceituais presentes nos manuais de Teorias Administrativas, usados como referência primária nas construções dos significados básicos da Administração, com os alunos dos cursos de graduação das maiores e mais importantes Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. Em sentido amplo, sua discussão situa-se no debate internacional sobre a crise do atual modelo de ensino de Administração, surgido nos anos 1990, e que põe em dúvida o sentido e a finalidade da chamada management education. Em sentido estrito, seu interesse analítico essencial são os problemas oriundos do uso (e abuso) de metáforas no discurso científico como apresentado em manuais didáticos introdutórios das teorias administrativas. Sua perspectiva teórica, contrapondo-se a uma concepção de significado na qual o discurso científico seria o espaço de uma literalidade plena, apoia-se em discussões no âmbito da construção discursiva das ciências para reconhecer a presença inevitável e não necessariamente danosa das metáforas no discurso científico. Neste sentido, ele assume a metáfora como um fenômeno linguístico-cognitivo de natureza semântico-pragmática. Ao analisar os manuais de teorias administrativas, esta pesquisa confirmou sua hipótese de que a literatura de formação profissional em Administração, usada na educação dos futuros administradores por todo o País, é marcada por uma série de fragilidades conceituais básicas que, ao simplicizarem a complexidade dos fenômenos organizacionais, resultam em um empobrecimento conceitual pelo uso (ou abuso) metafórico. E conclui que tais manuais, pretendendo facilitar o entendimento dos conceitos e tornar sua leitura acessível e agradável, abrem mão da complexidade e da riqueza explicativa dos conceitos originalmente elaborados em pesquisas científicas no próprio campo da Administração, terminando por traduzirem-se no que aqui poderíamos chamar de uma Pop Science.
This paper analyses the conceptual fragilities that can be found in the manuals of Administrative Theories (AT), used as a primary reference in the construction of the basic meanings of Administration by undergraduate students of Brazilian biggest and most important Institutions of High Education. It's essential analytical interest is the issues arising from the use (and abuse) of metaphors in the scientific discourse as presented in such manuals. Opposing to a conception of meaning in which the scientific discourse would be the space of a full literality, the paper takes theoretical support on semantic-pragmatic conceptions in Linguistics and Philosophy of Language to acknowledge the inevitable and not necessarily harmful presence of metaphors in scientific discourse. From this, it develops a theoretical discussion on metaphors, understanding them as a linguistic-cognitive phenomenon of semantic-pragmatic nature and coming to the provocative question: "would metaphor have failed?". The empirical analysis of AT manuals confirms the hypothesis that the professional education literature in Administration in use by future administrators all over the country is marked by a series of basic conceptual fragilities. The missimplification of the complexity of the organizational phenomena results in conceptual impoverishment in the use (or abuse) of metaphors. Then going beyond metaphors, the analysis also characterizes similar fragilities in literal statements: the recurring use of euphemisms and a trend to conceptual hypergeneralizations. The paper concludes that AT manuals give up the explanatory complexity and richness of the concepts originally elaborated in scientific research in the field of Administration, as they intend to facilitate the understanding of concepts and make reading accessible and pleasant. Thus, they end up by turning into what we hereby call a Pop Science.
El presente artículo examina las debilidades conceptuales en los manuales de las teorías administrativas, que se utilizan como referencia primaria en la construcción de los significados básicos de Administración, a los estudiantes de pregrado de las instituciones educativas más grandes e importantes en Brasil. En un sentido general, su argumento se basa en el debate internacional sobre la crisis en la enseñanza de la Administración, que comenzó en la década de los noventa, y que pone en cuestión el sentido y el propósito de la management education. En un sentido específico, en este trabajo se analizan los problemas derivados del uso (y abuso) de las metáforas en el discurso científico, tal como aparecen en los libros de introducción a las teorías administrativas. Su perspectiva teórica, en contraposición a una concepción del sentido en el que el discurso científico sería el lugar de una literalidad plena, se basa en los debates sobre la construcción discursiva de la ciencia para reconocer la presencia inevitable de las metáforas en el discurso científico. Por lo tanto, se entiende la metáfora como un fenómeno cognitivo-linguístico de carácter semántico-pragmático. Esta investigación confirma la hipótesis de que los manuales de teorías administrativas, que se utilizan en la formación de los futuros gerentes en todo el país, simplifican demasiado la complejidad de los fenómenos organizacionales, lo que resulta en un empobrecimiento conceptual por el uso (o abuso) metafórico. Llega a la conclusión de que estos manuales, con la intención de facilitar la comprensión de los conceptos y hacer la lectura accesible y agradable, renuncian a la complejidad y la riqueza de conceptos explicativos que se han desarrollado en la investigación científica en el campo propio de la Administración.