RESUMO O conceito de objetividade jornalística está lastreado na noção de “fato”, de que o jornalismo reporta o mundo exterior, como as ciências naturais. Ao longo da história do jornalismo, “fato” e “objetividade” têm sido conceitos centrais para a afirmação social e para a formulação de métodos profissionais. No entanto, o jornalismo não se debruça sobre fatos, exceto numa minúscula parte da sua atividade, mas sobre textos, sobre discursos. Não reporta o mundo; reporta fontes, reporta informações ou textos de outrem. É, assim, uma atividade fundamentalmente discursiva. Este artigo faz a crítica da noção de “fato” no jornalismo e mostra, com análise de textos do portal UOL, como o jornalismo é sobretudo linguagem sobre linguagem, e não linguagem sobre mundo. Assim, não se aplicam a ele conceitos oriundos do positivismo tradicional, da dicotomia sujeito/objeto. A perspectiva discursiva é muito mais pertinente.
ABSTRACT The concept of journalistic objectivity is grounded on the notion of “fact,” that means that journalism describes the world out there, like the natural sciences. Throughout the history of journalism, “fact” and “objectivity” have been central concepts for social affirmation and the elaboration of professional procedures. However, journalism does not focus on facts, except for a tiny part of its activity, but on texts, on discourses. It does not report the world; reports sources, reports other people’s information or texts. It is, therefore, fundamentally a discursive activity. This article criticizes the notion of “fact” in journalism and shows by means of analyses of texts from the UOL portal, how journalism is mainly language about language, and not language about the world. Thus, concepts from traditional positivism, from the subject and object dichotomy, do not apply to it. The discursive perspective is much more pertinent.