Objetivos: avaliar se o uso profilático da ampicilina pode evitar ou reduzir a morbidade infecciosa materna e perinatal decorrente da ruptura prematura das membranas (RPM) e prolongar a gestação em pacientes portadoras dessa complicação. Métodos: estudo prospectivo, randomizado e duplo-cego, avaliando 121 gestantes portadoras de RPM, divididas em dois grupos. O grupo tratado (61 gestantes) recebeu ampicilina e o grupo controle (60 gestantes) recebeu placebo, nas mesmas condições de horário, tempo de uso, embalagem e cor das cápsulas. Como parâmetros de infecção materna considerou-se a morbidade febril materna (índice térmico), presença de corioamnionite e/ou endometrite. Os parâmetros neonatais avaliados foram o índice de Apgar (1° e 5° minutos), colonização bacteriana do conduto auditivo e hemocultura. Para a análise estatística foram utilizados os testes: exato de Fisher, Wilcoxon e o chi². Resultados: o uso da ampicilina não prolongou a gestação, não reduziu a morbidade febril puerperal e nem as taxas de corioamnionite e/ou endometrite. Quanto à morbidade infecciosa perinatal também não foi possível demonstrar nenhuma redução decorrente do uso da ampicilina nem influência sobre as condições de nascimento. Estes dados foram consistentes em casos de RPM com até 72 horas de evolução, pois o limitado número de casos com tempo maior de evolução não permitiu uma análise estatística isenta de erro tipo II. Conclusões: com base nos resultados desse trabalho foi possível concluir que o uso profilático de ampicilina em gestantes com RPM com até 72 horas de evolução não reduz a morbidade infecciosa materna nem perinatal. No entanto, a presença de Streptococcus agalactiae do grupo B em hemocultura de recém-nascido do grupo controle indicou a necessidade imperiosa de antibioticoterapia para as gestantes colonizadas por esse microrganismo.
Purpose: to evaluate whether prophylactic use of ampicillin could avoid or reduce maternal and perinatal infectious morbidity caused by premature rupture of membranes (PROM), and to extend the gestation period in those women. Methods: this was a prospective, randomized and double-blind study, carried out evaluating 121 pregnant women with PROM, randomized into two study groups. The treatment group (61 patients) received ampicillin and the control group (60 patients) received placebo. The placebo had the same characteristics as ampicillin (kind of packaging and color of the capsules) and was used in the same time regimen. The considered parameters for maternal infection were febrile morbidity (fever index), and the presence of chorioamnionitis and/or endometritis. The studied neonatal parameters were Apgar score (1st and 5th minutes), bacterial colonization of auditory canal, and blood culture. The statistical tests performed were Fisher's exact test, Wilcoxon, and chi². Results: it was observed that ampicillin did not prolong the gestation, nor did it reduce the postpartum febrile morbidity or the rates of chorioamnionitis and/or endometritis. Ampicillin did not reduce the perinatal infectious morbidity nor improve the birth outcomes. All these results were consistent in cases of less than 72 h PROM. The limited number of cases with time of PROM greater than 72 h did not permit statistical analysis free of type II error. Conclusions: based on these results it was possible to conclude that the prophylactic use of ampicillin by pregnant women with less than 72 h PROM did not reduce either infectious maternal or perinatal morbidity. However, the presence of group B Streptococcus agalactiae in the blood culture from a neonate in the control group showed the necessity to start antibiotic treatment of pregnant women colonized by this microorganism.