A despeito da importância da Artemisia annua L. como a única fonte da droga anti-parasitária artemisinina, muito pouco é sabido sobre o papel dessa molécula em plantas sob estresses biótico e abiótico. A deficiência hídrica é o principal fator limitante no crescimento vegetal, mas pode induzir a acumulação de metabólitos secundários, dependendo da intensidade e fase de desenvolvimento da planta. Plantas de A. annua cultivadas em câmaras de crescimento foram submetidas a cinco tratamentos (plantas irrigadas e com 14, 38, 62 e 86 horas sem irrigação). Deficiências hídricas de 38 e 62 horas (Yw = -1.39 e -2.51 MPa, respectivamente) aumentaram o conteúdo foliar de artemisinina, mas somente a deficiência hídrica de 38 horas induziu um aumento significativo da molécula em folhas (29%) e planta inteira, sem afetar o acúmulo de biomassa. Os outros tratamentos não afetaram significativamente o conteúdo de artemisinina. As plantas de A. annua apresentaram uma boa tolerância a deficiência hídrica, incluindo o tratamento mais severo (Yw -3.97 MPa ou 86 h sem irrigação) e recuperaram a pressão de turgor após a reidratação. Estes resultados sugerem que uma deficiência hídrica moderada imediatamente antes da colheita de A. annua pode não somente reduzir o tempo e os custos de secagem da cultura, mas também induzir ao acúmulo de artemisinina, condições que, conjuntamente, são benéficas para o cultivo commercial da espécie. Finalmente, estes resultados sugerem que a artemisinina pode ser parte do sistema químico de defesa da A. annua contra a deficiência hídrica.
Despite the importance of Artemisia annua L. as the only source of the anti-parasitic drug artemisinin, little is known on the effects of biotic and abiotic stress on artemisinin accumulation. Water deficit is the most limiting factor on plant growth, however it can trigger secondary metabolite accumulation, depending on the plant growth stage and intensity. A. annua cultivated in growth chambers was submitted to five water deficit treatments (watered, 14, 38, 62 e 86 hours without irrigation). Water deficits of 38 and 62 hours (Yw = -1.39 and -2.51 MPa, respectively) increased leaf artemisinin content, but only 38 hours led to a significant increase in both leaf and plant artemisinin (29%), with no detriment to plant biomass production. The other treatments had no effect on, or decreased artemisinin accumulation. A. annua plants tolerated well water deficit treatments, including the most severe water deficit applied (Yw -3.97 MPa or 86 hs without irrigation) and recovered their turgor pressure after rehydration. These results suggest that moderate water deficit prior to harvesting the crop may not only reduce time and costs in drying the crop, but can also induce artemisinin accumulation, both of which increase crop profit margins. Results also suggest that artemisinin could be part of A. annua chemical system of defense against water deficit.