Resumo: Introdução: O termo aprender a aprender, inicialmente desenvolvido como contraponto à Escola Tradicional, visando uma maior emancipação dos estudantes em relação à construção do conhecimento em sala de aula, assim como um incentivo à democracia e autonomia civil destes, passou a ser utilizado, de forma recorrente, como slogan neoliberal nas escolas médicas. Incorporado pelo mercado como sinônimo do termo norte-americano “do it yourself” (faça você mesmo), o conceito de aprender a aprender tornou-se significado de um construtivismo naturalista, partindo do princípio de que os estudantes constroem seus próprios conceitos, habilidades e valores de forma adequada e satisfatória. Desenvolvimento: Na Educação Médica, em especial, o termo aprender a aprender figura como proposta pedagógico-metodológica de forma recorrente. Convém salientar que a presença do termo, por si só, não deve ser concebida como danosa à Educação Médica, mas, sim, o contexto pedagógico em que se encontra inserido. Há, portanto, um esvaziamento do papel docente, enquanto regulador, da relação estabelecida entre o estudante e o mundo. Apresentamos três premissas teóricas, a partir da perspectiva histórico-cultural, para refletir e problematizar a natureza e os significados associados ao slogan “aprender a aprender”, com foco sobre a aprendizagem e o desenvolvimento do estudante, destacando a importância do médico-docente neste processo. Conclusão: Tanto a atividade de ensino como a de estudo necessitam se transformar em atividades conscientes por parte dos seus protagonistas, atentando-se à unidade criação de significado/aprendizagem conduzindo ao desenvolvimento, como princípio dialético central e como condição indispensável para o que compreendemos como desenvolvimento humano. Somente na atividade torna-se visível a universalidade do sujeito humano e a constituição da personalidade (médica). Deste modo, asseveramos que os médicos-docentes são fundamentais para que os estudantes de Medicina possam ser orientados a atuar nos termos da superação e mudança.
Abstract: Introduction: The term learning how to learn, initially developed as a counterpoint to the Traditional School, aiming at a greater emancipation of the students in relation to the construction of knowledge in the classroom, as well as an incentive to their democracy and civil autonomy, started to be used recurrently as a neoliberal slogan in medical schools. Incorporated by the market as a synonym for the American term “do it yourself”, the concept of learning how to learn has become the meaning of a naturalistic constructivism, assuming that students construct their own concepts, skills, and values in an appropriate and satisfactory manner. Development: In Medical Education, especially, the term learning to learn appears as a recurrent pedagogical-methodological proposal. It should be noted that the presence of the term, by itself, should not be conceived as harmful to Medical Education, but rather the pedagogical context in which it is inserted. There is, therefore, an emptying of the teaching role as regulator of the relationship established between the student and the world. We present three theoretical premises, from the cultural-historical perspective, to reflect on and problematize the nature and meanings associated with the slogan “learning how to learn”, with a focus on student learning and development, highlighting the importance of the medical professor in this process. Conclusion: Both the teaching and the study activities need to become conscious activities by their protagonists, paying attention to the unity of meaning creation/learning leading to development, as a central dialectic principle and as an indispensable condition for what we understand as human development. Only in activity does the universality of the human subject and the constitution of the (medical) personality become visible. Thus, we assert that medical professors are fundamental for medical students to be guided to act in terms of overcoming and changing.