O hemograma é muito útil no diagnóstico quando o intervalo de referência é adequadamente estabelecido para população. Com o objetivo de verificar os valores hematológicos em população heterogênea foi analisado o hemograma e frequências alélica de marcadores informativos de ancestralidade de brasileiros. Foi observada associação positiva entre sexo e os valores de neutrófilos, monócitos, eosinófilos, eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, MCV, MCHC e plaquetas (IC 95%; P<0,05). E não houve diferenças entre idade, consumo de álcool, nível educacional, etnia, tabagismo e os valores do hemograma (IC 95%; P>0,05). Os homens apresentaram valores maiores no eritrograma, enquanto no leucograma e plaquetograma foram as mulheres. Foi observado também que a população é altamente heterogênea e as médias proporcionais (±DP) de ancestralidade Africana, Europeia e Ameríndia estimada foram: 49,0 ± 3,0 %, 44,0 ± 9,0% e 7,0 ± 9,0%, respectivamente. A contribuição ancestral ameríndia se demonstrou pequena, mas a estimativa de proporções ancestrais foi estatisticamente significante (r = 0,9838; P<0,001). Os valores hematológicos aqui descritos são parecidos com os descritos em negros americanos, outra população heterogênea.
A complete blood count is very useful in clinical diagnoses when reference ranges are well established for the population. Complete blood counts and allele frequencies of Ancestry Informative Markers (AIMs) were analyzed in Brazilians with the aim of characterizing the hematological values of an admixed population. Positive associations were observed between gender and neutrophils, monocytes, eosinophils, erythrocytes, hemoglobin, hematocrit, MCV, MCHC and platelet counts. No significant differences were found for age, alcohol consumption, educational status, ethnicity, smoking in respect to the complete blood count values. In general, men had higher red blood cell values, while women had higher values for white blood cells and platelets. The study of the population was highly heterogeneous with mean proportions (± SE) of African, European and Amerindian ancestry being 49.0 ± 3.0%, 44.0 ± 9.0% and 7.0 ± 9.0%, respectively. Amerindian ancestry showed limited contribution to the makeup of the population, but estimated ancestral proportions were statistically significant (r = 0.9838; P<0.001). These hematologic values are similar to Afro-Americans, another admixed population.