OBJETIVO: Estudar seqüencialmente a flora traqueal em pacientes internados em unidade de terapia intensiva pediátrica e associar esta flora com o tempo de internação, a utilização prévia de antimicrobianos e o diagnóstico de pneumonia associada à ventilação mecânica. MÉTODOS: A população estudada foi constituída de pacientes pediátricos admitidos em uma unidade de terapia intensiva pediátrica entre novembro de 2002 e dezembro de 2003 e submetidos a ventilação mecânica. Foram coletadas três amostras seriadas de secreção traqueal de cada paciente. A primeira coleta foi realizada dentro das primeiras 6 horas após a admissão, e as amostras seguintes, depois de 48 e 96 horas. RESULTADOS: Foram estudados 100 pacientes com idade entre 1 dia e 14 anos. Nas três coletas realizadas, observou-se um aumento do percentual de culturas positivas para Pseudomonas aeruginosa, de 6 para 22% (p = 0,002), e também uma diminuição das culturas positivas para Staphylococcus aureus, de 23 para 8% (p = 0,009). No grupo com uso prévio de antimicrobianos, houve maior freqüência de isolamento de Candida spp (p < 0,05). Dezesseis (23,5%) dos 68 pacientes que foram internados sem diagnóstico de pneumonia desenvolveram pneumonia associada à ventilação mecânica. Em relação à cultura de secreção traqueal desses pacientes, foram obtidas culturas positivas em 10 casos: seis S. aureus (com três Acinetobacter baumanni concomitantes), dois Klebsiella spp. (com um Enterobacter spp. concomitante), um Candida spp. e um P. aeruginosa. CONCLUSÃO: O monitoramento seqüencial da secreção traqueal pode ser útil na avaliação das alterações da flora microbiana nas unidades de terapia intensiva pediátrica.
OBJECTIVE: To evaluate, sequentially, tracheal aspirates from patients admitted to a pediatric intensive care unit and to associate these pathogens with length of hospital stay, previous use of antimicrobial therapy and diagnoses of ventilator-associated pneumonia. METHODS: The study population consisted of patients admitted to a pediatric intensive care unit, between November 2002 and December 2003, on ventilator support. Three tracheal aspirates were collected serially from each patient. The first tracheal aspirate sample was obtained 6 hours after admission to the intensive care unit and the remaining samples were collected after 48 and 96 hours. RESULTS: One hundred patients aged from one day to 14 years were assessed. Positive tracheal cultures were observed to have increased in the three tracheal aspirate samples collected from each patient for Pseudomonas aeruginosa, from 6 to 22% (p = 0.002), and to have decreased for Staphylococcus aureus, from 23 to 8% (p = 0.009). Isolation of Candida spp increased for the subset that had received previous antimicrobial therapy (p < 0,05). Sixteen (23,5%) out of 68 patients admitted without pneumonia developed ventilator-associated pneumonia. Positive tracheal aspirate cultures were obtained in 10 out of 16 of these patients: six were positive for Staphylococcus aureus (three associated with Acinetobacter baumanii), two for Klebsiella spp (one associated with Enterobacter spp), one for Pseudomonas aeruginosa and one for Candida spp. CONCLUSION: Sequential evaluation of tracheal aspirates may be useful to track changes in bacterial flora at pediatric intensive care units.