A esquistossomose mansônica hepato-esplênica com varizes sangrantes do esôfago é infreqüente em crianças, entretanto, determina morbidade atingindo a produtividade desses futuros adultos. Uma das opções para o tratamento cirúrgico é a esplenectomia associada à ligadura da veia gástrica esquerda e esclerose endoscópica das varizes, nos casos de recidiva hemorrágica. Auto-implante esplênico tem sido adicionado em crianças. Há evidências de que a esplenose pós-esplenectomia por trauma mantém, de forma parcial, as funções imunológica e de filtração esplênicas. Todavia, estudos semelhantes não foram realizados em pacientes esquistossomóticos. Foram analisados 23 pacientes, de 9 a 18 anos, com esquistossomose hepato-esplênica submetidos à esplenectomia, ligadura de veia gástrica esquerda e auto-implante esplênico no omento maior. Avaliou-se a função de filtração através da pesquisa de corpúsculos de Howell-Jolly em esfregaços de sangue periférico, cuja presença indica ausência ou insuficiência de função de filtração esplênica. Foi realizada análise morfológica da esplenose através de exame cintilográfico, usando enxofre coloidal, marcado com Tecnécio 99m. Observou-se captação dos implantes esplênicos em todos os pacientes, entretanto, em dois (8,7%), o número de nódulos esplênicos observados foi inferior a cinco, sendo considerado insuficiente. Em correspondência, esses dois pacientes foram os únicos que apresentaram positividade para corpúsculos de Howell-Jolly. Os dados confirmam o auto-implante esplênico no omento maior como método eficaz de produção de esplenose e manutenção da função de filtração esplênica em mais de 90% dos pacientes.
The hepatosplenic form of schistosomiasis mansoni with bleeding esophageal varices is not common in children. However when it occurs, it may determine severe implications of their whole productive life. Splenectomy ligature of the left gastric vein and endoscopic sclerosis of the varices in the cases of recurrent bleeding has been one of the surgical approaches. Autologous implantation of spleen tissue in the greater omentum has been added in children. There are evidences that immunologic and filtration splenic functions persist, at least in part, after splenectomy and splenic autologous implantation induced by trauma. However similar studies were not conducted in children with schistosomiasis who underwent splenectomy, ligature of the left gastric vein and autologous implantation of spleen tissue into an omental pouch of the greater omentum. Blood smears were repeatedly studied for evidence of Howell-Jolly bodies, which indicate insufficiency of filtration splenic junction. The splenosis was proved by hepatosplenic scintigraphic sulfur colloid 99m Technetium scan. Splenosis was evident in all children, however in two patients there were less than five splenic nodules in the greater omentum, which was considered insufficient. Howell-Jolly bodies were found in the peripheral blood only in these two patients with less evident splenosis. The results seem to indicate that splenic autologous implantation in the greater omentum is an effective method for producing splenosis and maintaining the filtration splenic function.