Este estudo tem como objetivo analisar como os cuidadores expressam seu sofrimento no trabalho, em abrigos, com adolescentes portadores de transtornos psíquicos ou neurológicos. Os dados derivaram do projeto de pesquisa "Violência, juventude e saúde mental" do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizado em 2008/2010, e se basearam em 26 entrevistas e observações de campo com profissionais em uma das unidades de acolhimento pesquisadas. O método empregado nas entrevistas foi o da história oral, utilizando um roteiro semiestruturado. A análise dessas narrativas se fez por meio da teoria da comunicação, que permitiu a definição de categorias. Como resultado, constatou-se que as condições, a organização e os processos do trabalho nas unidades de acolhimento são adversos, gerando riscos à saúde mental dos profissionais, pelo despreparo destes para realizar seu trabalho em especial com aqueles que têm transtornos psiquiátricos ou neurológicos, o que causa grande sofrimento psíquico aos cuidadores. Por fim, verificou-se a necessidade de promover capacitações e supervisões clínicas permanentes nos abrigos tendo como base os princípios da reabilitação psicossocial - da mesma forma, maior integração das tarefas das unidades de acolhimento com as demais redes de proteção especial para esses adolescentes.
This study aims to analyze how caregivers working at shelters for youth suffering from psychiatric or neurological disorders express their grief. The data come from the research project titled "Violence, Youth, and Mental Health," which was carried out from 2008 to 2010 by the Institute of Psychiatry at the Federal University of Rio de Janeiro, and was based on 26 interviews and field observations made with professionals at one of the surveyed shelters. The study method was that of oral stories using a semi-structured script. These narratives were analyzed based on the theory of communications, which allowed categories to be defined. It was found that the conditions, organization, and work processes at the shelters are adverse and cause risks to the professionals' mental health, since they are unprepared to perform this work, in particular with patients suffering from psychiatric and neurological disorders, conditions that cause great distress among caregivers. Finally, it was fund that there is a need to provide training and permanent clinical supervision at the shelters based on the principles of psychosocial rehabilitation. Additionally, it is also necessary to drive greater integration among the tasks carried out at the shelters and those of the remaining special protection networks created for these adolescents.