O presente ensaio discute a crise climática contemporânea e as possibilidades de inserção da educação ambiental neste debate. Trata-se de um diálogo com a produção da área, com os pressupostos da Ecologia Política, da Educação ambiental crítica, do pensamento da Complexidade e da Sociologia de Risco de Giddens e Beck. O artigo entende que, apesar das relativas incertezas que ainda cercam o debate sobre as mudanças climáticas, elas se configuram como o principal problema ambiental global contemporâneo. Pesquisas evidenciam a intensidade dos eventos climáticos extremos em todo o mundo e seus efeitos danosos sobre a saúde, o bem-estar público, a segurança alimentar e os patrimônios ambientais e sociais. No entanto, a invisibilidade do problema na vida cotidiana, a ação das controvérsias e dos lobbies econômicos, a inércia dos governos e das instituições relacionadas ao tema têm mostrado que a formulação de respostas eficientes sobre o impasse climático não tem acompanhado o aumento da consciência pública sobre este problema. Que conjunção de fatores justifica esse paradoxo? Este artigo argumenta que o atual debate tem sido pautado por argumentos e respostas reducionistas, tecnicistas e conservadoras - o Conservadorismo Dinâmico - que não dão conta de compreender o problema em toda a sua complexidade e, portanto, de formular estratégias capazes de revertê-lo ou de minimizar seus impactos. Entende-se, portanto, que a educação ambiental pode contribuir com esse esforço para renovar a compreensão do problema e a ação dos indivíduos, das instituições e dos agentes públicos e privados envolvidos com o tema.
The current essay discusses the contemporary climate crisis and the possibilities of inserting environmental education in this debate. It refers to an interface between the theme research and theoretical assumptions of Political Ecology, Critical environmental education, Complexity thinking and Giddens' and Beck's Risk Sociology. The article affirms that besides relative uncertainties that still surround climate change debates, they constitute the main global contemporary environmental problem. A lot of studies show the intensity and frequency of extreme climatic events all over the world and its harmful effects on health, public welfare, food safety and environmental and social heritage. However, the problem invisibility in daily life, the effects of controversies and economic lobbies, the inertia of governments and institutions related to this theme have shown that formulating effective responses to the climatic impasse has not followed the increasing public awareness on this problem. What set of factors justifies this paradox? This article assumes that current debates have been guided by reductionist, technicalist and conservative responses - the Dynamic Conservatism - that are not able to understand the problem in its whole complexity and, therefore, of formulating strategies capable to reverse it or, at least, to minimize its potential impacts. It considers, therefore, that environmental education can contribute with this effort of renewing the problem understanding and the actions of individuals, institutions and other public and private actors involved with that issue.