RESUMO Poucas têm sido as oportunidades que o professor de educação básica tem tido para trabalhar em conjunto com seus pares de forma interdisciplinar, produzir conhecimento (e não apenas reproduzi-lo) e usar tecnologias de informação e comunicação. Esse tipo de trabalho só é possível em comunidades de prática. O objetivo deste trabalho é discutir como um projeto coletivo, com um fim específico, pode mobilizar professores que precisam trabalhar em pares, desenvolver seus multiletramentos e construir identidades. Apresentamos, para a análise de dados deste artigo, resultados obtidos com o Projeto Curta Capilé, desenvolvido no ano de 2014 pela Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo - RS, que envolveu 24 professores de diferentes áreas de onze escolas da rede municipal. Esse projeto visava qualificar professores para o uso de tecnologias e para o trabalho interdisciplinar, de modo que produzissem curtas-metragens , usando tecnologias que promovem a acessibilidade midiática. Os resultados apontam para várias reflexões sobre o caráter social da aprendizagem e sobre o modo como ela pode ser significativa tanto para professores quanto para alunos. Com o engajamento mútuo de todos os participantes, os curtas-metragens, quando desenvolvidos no espaço escolar para um fim pedagógico, tornam-se uma ferramenta didática importante para desenvolver habilidades e competências, tanto de alunos quanto de docentes. Por meio dos multiletramentos, foi possível a abordagem sobre inclusão: todos os telespectadores do cinema foram convidados a conhecer a audiodescrição, a legenda e a língua de sinais como recursos de acessibilidade midiática que incluem pessoas com deficiência auditiva e visual. O trabalho permitiu, ainda, a aproximação dos professores envolvidos na proposta, os quais tiveram de se organizar e trabalhar em grupos. Além disso, promoveu a melhora da autoestima dos alunos, que também tiveram de vencer as barreiras com a tecnologia, usar diferentes linguagens e ferramentas tecnológicas, o que levou à constituição de novas identidades.
ABSTRACT Teachers of early education have few opportunities to work together with their peers in an interdisciplinary way to create knowledge (not just reproducing it) and to use information and communication technologies. This type of work is only possible in communities of practice. The objective of this study is to discuss as a cooperative project with a specific purpose, can mobilize teachers who need to work in pairs, to develop their multiliteracies and build identities. To the data analyses of this study we showed the results gathered with the Project "Curta Capilé", developed in 2014 by the educational town office of São Leopoldo-RS Education, which involved 24 teachers from different areas of eleven public schools. This project aimed to train teachers in the use of technologies and interdisciplinary work, so that they could produce short movies that would use technologies that promote media accessibility. The results suggest a number of considerations on the social nature of learning and how this can be important for both teachers and students. With the commitment of all participants, short movies, when developed in the school as an assignment, become an important learning tool to develop skills and competencies of both students and teachers. Through multiliteracies, the method of inclusion was feasible: all movie spectators were invited to see how the audio description, subtitles and sign language as media accessibility resources include people with hearing and visual impairment. This work also allowed the close contact of the teachers involved in the proposal, who had to planned and work in groups. Furthermore, it promotes self-esteem improvement of students that also had to overcome technology barriers and use different types of languages, and technological tools leading to the formation of new identities.