A conduta ideal para os pacientes menores de 18 anos portadores de tumores malignos da região de cabeça e pescoço não é uniforme nos escassos relatos de literatura. Com o objetivo de mostrar e discutir a experiência no atendimento de cinqüenta casos tratados no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Complexo Hospitalar Heliópolis, no período de 1978 a 1994, os autores procederam a uma análise retrospectiva de sua casuística. Os tipos histológicos mais freqüentes foram os derivados da linhagem epitelial, 24 casos (48%) e, entre eles, o carcinoma mucoepidermóide. Entre os tumores derivados do tecido mensequimal, os mais freqüentes foram o rabdomiossarcoma e os linfomas. A cavidade oral foi o sítio mais freqüentemente acometido (15 casos, 30%). Entre todos os pacientes, apenas 21 (42%) estavam vivos e sem evidência de doença em atividade por um período que variou de seis meses a 18 anos. Quatorze (28%) pacientes morreram em decorrência de doença não controlada após um período que variou de dez dias a dois anos a contar da data do final do tratamento. De quatorze (28%) pacientes não pudemos obter informações atualizadas de suas condições e foram considerados perdidos de seguimento. Estes tumores não devem ser vistos como neoplasias de adultos localizadas em pacientes pediátricos; devem ser estudados e abordados como uma doença que apresenta características próprias e que exigem, como no adulto, que a primeira intervenção para o diagnóstico ou para o tratamento não seja intempestiva e, de fato, tenha resolubilidade.
The management of the head and neck tumors in patients under 18 years of age is not uniform in the few reports of the literature. With the objective of showing and to discuss the experience on the treatment of fifty cases of the Head & Neck Service of Heliópolis Hospital, São Paulo, Brazil, between 1978 to 1994, the authors have prepared this retrospective study. The most frequent histologic types were the ones of epithelial origin (24 cases, 48%) and of them, the mucoepidermoid carcinoma. The rhabdomyosarcoma and the lymphomas were the most prevalent mesenchimal tumor. The oral cavity was the primary site more frequently involved (15 cases, 30%) and most of them were located on the lower geim. Ten patients with oral tumors were alive after a minimum of seven years of follow-up. In six cases the primary site was the parotid gland and in one case the tumor was of the submandibular gland. Unfortunately the prognosis of these cases could not be evaluated because only few cases had a closed ollow-up. The thyroid gland was the primary site in five patients, all with the pathologic diagnosis of papillary carcinoma and all of them were alive. The overall survival analysis show that of fifty cases, only 21 (42%) patients are alive and without disease for period of six months to 18 years of follow up. Fourteen (28%) patients died of the cancer,ten days to two years from the end of the treatment. The radiotherapy alone or in association with surgery should be evaluated very carefully in order to avoid the risk of complications and second primary tumors induced by irradiation. These tumors should not be considered as tumors of adulthood that developed in pediatric patients. They are a disease with well defined characteristics and need, as for adults, that the first approach for diagnosis or treatment be suitable and with high effectiveness.