Em áreas de vinhedos, uma significativa quantidade de nutrientes pode retornar anualmente ao solo durante a decomposição de resíduos de espécies de plantas de cobertura. Este trabalho objetivou avaliar a decomposição e liberação de nutrientes de resíduos de aveia-preta e ervilhaca depositados nas linhas de plantio de videiras sem e com cobertura plástica e nas entrelinhas. Este estudo foi conduzido em um vinhedo comercial em Bento Gonçalves, RS, no período de outubro de 2008 a fevereiro de 2009. Resíduos de aveia-preta (Avena strigosa) e ervilhaca (Vicia villosa) foram coletados, submetidos a análises químicas (C, N, P, K, Ca e Mg) e bioquímicas (cellulose - Cel, hemicellulose - Hem e lignina - Lig) e acondicionados em bolsas de decomposição, que foram depositadas em linhas de plantio sem cobertura plástica (LPSCP), linhas de plantio com cobertura plástica (LPCCP) e entrelinha (EL). Em 0, 33, 58, 76 e 110 dias depois da deposição das bolsas de decomposição, os resíduos foram coletados, preparados e submetidos à análise dos teores totais de N, P, K, Ca e Mg. As maiores quantidades e porcentagens de matéria seca e nutrientes remanescentes, com exceção do Ca, em resíduos de aveia-preta, no período de outubro até fevereiro, que coincide do florescimento até a colheita da uva, foram observadas na LPCCP, o que promoveu maior proteção da superfície do solo, evitando o escoamento superficial de solução derivada das entrelinhas; entretanto, retardou a ciclagem de nutrientes. A taxa de decomposição e liberação de nutrientes de resíduos de ervilhaca, de outubro até fevereiro, não foi influenciada pela posição de deposição dos resíduos no vinhedo, o que pode ser atribuído, especialmente, aos menores valores de relação C/N e Lig/N. Independentemente do tipo de resíduo, aveia-preta ou ervilhaca, a maior taxa de decomposição e liberação de nutrientes aconteceu, especialmente, até os 33 dias após a deposição dos resíduos na superfície do solo, o que coincidiu com o florescimento das videiras, que é um dos estágios fenológicos de maior demanda de nutrientes.
A significant quantity of nutrients in vineyards may return to the soil each year through decomposition of residues from cover plants. This study aimed to evaluate biomass decomposition and nutrient release from residues of black oats and hairy vetch deposited in the vines rows, with and without plastic shelter, and in the between-row areas throughout the vegetative and productive cycle of the plants. The study was conducted in a commercial vineyard in Bento Gonçalves, RS, Brazil, from October 2008 to February 2009. Black oat (Avena strigosa) and hairy vetch (Vicia villosa) residues were collected, subjected to chemical (C, N, P, K, Ca, and Mg) and biochemical (cellulose - Cel, hemicellulose - Hem, and lignin - Lig content) analyses, and placed in litter bags, which were deposited in vines rows without plastic shelter (VPRWS), in vines rows with plastic shelter (VPRS), and in the between-row areas (BR). We collected the residues at 0, 33, 58, 76, and 110 days after deposition of the litter bags, prepared the material, and subjected it to analysis of total N, P, K, Ca, and Mg content. The VPRS contained the largest quantities and percentages of dry matter and residual nutrients (except for Ca) in black oat residues from October to February, which coincides with the period from flowering up to grape harvest. This practice led to greater protection of the soil surface, avoiding surface runoff of the solution derived from between the rows, but it retarded nutrient cycling. The rate of biomass decomposition and nutrient release from hairy vetch residues from October to February was not affected by the position of deposition of the residues in the vineyard, which may especially be attributed to the lower values of the C/N and Lig/N ratios. Regardless of the type of residue, black oat or hairy vetch, the greatest decomposition and nutrient release mainly occurred up to 33 days after deposition of the residues on the soil surface, which coincided with the flowering of the grapevines, which is one of the phenological stages of greatest demand for nutrients.