RESUMO CONTEXTO: No Brasil, desde 2015, o tratamento da hepatite C é prestado pelo Sistema Público de Saúde (SUS) com antivirais de ação direta. OBJETIVO: Avaliar a taxa de não adesão de pacientes ao tratamento da hepatite C pelo antiviral de ação direta investigando os dados epidemiológicos em um banco de dados de Curitiba, Brasil. MÉTODOS: Estudo retrospectivo com pacientes atendidos entre janeiro de 2015 e junho de 2019. Os pacientes foram considerados aderentes quando receberam todas as doses da medicação durante o tratamento. Foram avaliados os seguintes dados: sexo, idade, tipo de tratamento, tempo de tratamento, presença de diabetes ou HIV, terapia anterior, proveniente do SUS ou medicina privada, grau de fibrose e genótipo da hepatite C. RESULTADOS: Um total de 1.248 pacientes (56,8% homens) foram estudados e desses, 102/1248 (8,2%) não aderiram ao tratamento. Idade ou sexo não influenciou significativamente; 10,2% pacientes do SUS e 3,7% da medicina privada eram não aderentes (P<0,0001; OR=2,9; IC95%=1,6-9,1); 13,1% dos pacientes foram coinfectados pelo HIV e, entre eles, 15,9% abandonaram o tratamento. Indivíduos sem coinfecção apresentaram 7,0% de não adesão (P<0,0001; OR=2,5; IC=1,5-4,1). Todas as outras variáveis não mostraram diferenças na taxa de adesão. CONCLUSÃO: Nosso estudo mostrou que 8,2% dos pacientes não aderiram ao tratamento para hepatite C e que os pacientes do SUS e coinfectados pelo HIV eram significativamente menos aderentes.
ABSTRACT BACKGROUND: In Brazil, since 2015, the treatment of hepatitis C is provided by SUS (Public Health System) with direct-acting antiviral (DAA). OBJECTIVE: To describe the rate of non-adherence patients to hepatitis C treatment by DAA, investigating the epidemiological data in a large database from Curitiba, Brazil. METHODS: Retrospective study with patients treated between January 2015 and June 2019. Patients were considered adherent when received all medication doses during their treatment. The following data were evaluated: gender, age, type of treatment, period of treatment, presence of diabetes or HIV, previous therapy, originated from SUS or private medicine, fibrosis grade and HCV genotype. RESULTS: 1248 patients (56.8% males) were studied and 102/1248 (8.2%) were non-adherent to treatment. Age or gender not influenced significantly; 10.2% patients from SUS and 3.7% individuals from private medicine were non-adherent (P<0.0001; OR=2.9; CI95%=1.6-9.1); 13.1% patients were co-infected with HIV and among them, 15.9% abandoned treatment. Individuals without co-infection presented 7.0% of non-adherence (P<0.0001; OR=2.5; CI=1.5-4.1). All the other variables showed no differences in the adhesion rate. CONCLUSION: Our study showed that 8.2% of patients were non-adherent to HCV treatment, and that patients from the Public Health System and co-infected with HIV were significantly less adherent.