O artigo pretende compreender o papel da arte nos processos de inserção social e política de jovens na cidade de Feira de Santana, Bahia, investigando a produção e difusão cultural de alguns coletivos e circuitos culturais juvenis, através de um estudo inspirado na etnografia urbana e na cartografia psicossocial. Estes circuitos são compreendidos como redes de sociabilidade, cujas dimensões formativas, estéticas, éticas e políticas são pouco conhecidas. Incluem grupos de músicos (hip-hop), dançarinos, artistas plásticos (grafiteiros), poetas, além de eventos que potencializam a sociabilidade entre jovens em suas diferenças culturais, étnicas, raciais e de gênero, criadas e gestadas à margem da cultura hegemônica. Aproximações empíricas com o campo implicam no olhar descentrado, captando o imprevisível, revelador de singularidades, em que sujeito e objeto são coemergentes. Os dispositivos metodológicos construídos foram observações participantes, acompanhando processos e percursos de jovens e coletivos culturais (ensaios, encontros); deambulações pela cidade, entrevistas realizadas à medida que caminhávamos por espaços afetivos escolhidos pelos jovens; registros fotográficos; grupos de diálogo e oficinas. Mais que delimitar territórios e suas formas de fruição, busca-se traçar as rotas ou redes onde os sujeitos se reinventam nas tensões e contradições do espaço urbano e como pensam sua relação com a cidade, seus desejos e projeções. Potencializar a construção de redes comunicativas, interativas e inventivas também são resultados esperados pela pesquisa-intervenção, contribuindo para uma perspectiva educadora (de si e do outro) que pode favorecer processos de pertencimento e cidadania.
This paper aims to understand the role of art in social and political integration of young people in the city of Feira de Santana, Bahia, Northeast of Brazil, investigating the production and cultural diffusion of some collectives and cultural circuits, through a study inspired by social cartography and urban ethnography. These circuits, connecting groups of musicians (hip-hop), K-pop dancers, visual artists (graffiti) and poets, are understood as social networks, whose formative, aesthetics, ethics and political dimensions are little known. Youth cultural circuits created and gestated on the margins of hegemonic culture can enhance sociability among young people in their cultural, ethnic, racial and gender differences. Empirical approaches imply capturing the unpredictable singularities, in which subject and object emerge dialogically and dialectically. The methodological strategies developed were participant observation, accompanying practices and events among cultural groups and collectives; photographic records; interviews, walking through affective spaces chosen by the participants; dialogue groups and workshops. We intended to map and trace the routes and networks where subjective processes occurred, taking into account the tensions and contradictions in the urban space appropriation and cultural meaning-making among different cultural circuits drawn by the youngsters. More than to delimit territories of cultural practices, the study was concerned with promoting the construction of communicative and collaborative networks, where an educational perspective (of self and other) can mediate belonging and citizenship processes.