Neste artigo, analisamos as matérias publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, no ano de 2005, sobre reprodução assistida (fertilização in vitro e outras técnicas). A análise é feita sob dois ângulos. Primeiramente, examinamos que informação é divulgada ao público sobre reprodução assistida, tendo como foco os direitos reprodutivos, o acesso público e privado às tecnologias de reprodução assistida, os interesses envolvidos e os riscos dessas tecnologias. Constatamos que não houve divulgação das leis que garantem acesso gratuito à reprodução assistida no Brasil, apesar da aprovação, naquele ano, da Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos. As reportagens enfatizam o caráter privado do acesso às tecnologias reprodutivas e confrontam interesses comerciais envolvidos. Destacam os avanços tecnológicos como benefícios universais, sem discutir como as desigualdades sociais afetam o acesso a essas tecnologias e tratamentos. Na escassa referência aos riscos relacionados com os procedimentos, destacam a gravidez múltipla, que afeta, paradoxalmente, os casais mais pobres. Em segundo lugar, indagamos que tipo de educação não-formal é desenvolvido através dos artigos do jornal sobre reprodução assistida. Os artigos examinados mostram, ao mesmo tempo, características de divulgação científica e do mais tradicional papel desenvolvido pela mídia como formadora de opinião.
In this article, we analyze pieces published by the Folha de S.Paulo newspaper, in 2005, about assisted reproduction (in vitro fertilization and other techniques). The analysis is done from two angles. First, we examine what information is disclosed to the public about assisted reproduction, focusing on reproductive rights, on public and private access to assisted reproduction technologies, the interests involved, and the risks of these technologies. We found that there was no discussion regarding the laws that guarantee free access to assisted reproduction in Brazil, despite the approval, that year, of the National Policy on Sexual and Reproductive Rights. The reports emphasize the private nature of access to reproductive technologies and confront the commercial interests involved. They highlight the technological progress that has been made, such as universal benefits, but do not discuss how social inequalities affect access to these technologies and treatments. In the sparse reference to the risks associated with the procedures, they highlight multiple pregnancies which, paradoxically, affect poorer couples. Secondly, we questioned what kind of non-formal education is provided through the newspaper articles on assisted reproduction. The articles that were reviewed play both the role of disseminating the issue scientifically and the more traditional role the media play as opinion makers.