Resumo: Introdução: É necessário que a residência de psiquiatria conste um programa da disciplina de neurologia. No Brasil, como não existe uma padronização dos conteúdos a serem abordados, os residentes realizam estágios em diferentes serviços de neurologia. Neste relato, descreve-se a experiência da aplicação do Programa de Neurologia para Residência Médica de Psiquiatria (PNRMP). Métodos: Trata-se de um estudo observacional e descritivo da experiência do PNRMP em Curitiba, no Paraná. Para a elaboração do PNRMP, realizou-se uma pesquisa teórico-reflexiva nos sites da Associação Brasileira de Psiquiatria, Residências Médicas de Psiquiatria Brasileiras, do PubMed e da SciELO. Na pesquisa, utilizaram-se as seguintes palavras-chave: programa de residência em psiquiatria; residência em neurologia e psiquiatria; neurologia em psiquiatria. Resultados: Em 2011, iniciou-se a elaboração do PNRMP com o objetivo de oferecer aos residentes os subsídios teórico-práticos da interface psiquiatria e neurologia sob supervisão de um preceptor neurologista. O programa, com nove anos de aplicação e 54 residentes formados, ocorre em dois ambulatórios do Sistema Único de Saúde - um de neurologia geral (para residentes do primeiro ano) e outro de epilepsia ou transtornos neurocognitivos do idoso (para residentes do terceiro ano -, com duração de quatro a cinco horas, uma vez por semana. Os residentes realizam um atendimento/hora, e os casos são revisados em parceria com o preceptor que esclarece as dúvidas da entrevista/do exame físico e define o diagnóstico e a conduta colegiada. Procure-se as competências clínicas em treinamento em serviço, discussões de casos, revisões teóricas e seminários. No final do ambulatório, realiza-se uma reunião da equipe para compartilhar os conhecimentos gerados nos atendimentos e orientar atualizações clínicas/terapêuticas. As avaliações são diárias, trimestrais, anuais e quanti-qualitativa, em que se consideram a aquisição de habilidades, o raciocínio clínico, a qualidade nos atendimentos, o profissionalismo e a comunicação com a equipe, os pacientes e os familiares. Conclusão: O PNRMP supera a dicotomia “orgânico versus funcional”. Na integração das atividades teóricas e práticas, busca-se um conhecimento abrangente e resolutivo que permita ao futuro psiquiatra prestar um serviço competente e humano. Recomenda-se a participação dos residentes egressos para que eles possam avaliar o PNRMP. Os autores propõem o desenvolvimento de um PNRMP reprodutivo nacional e padronizado.
Abstract: Introduction: There has been a greater demand for the psychiatry specialty, possibly associated with the paradigm change in asylum care for outpatients and communities; consequently, there is now a greater number of institutions for Medical Training in Psychiatric Residency. As such, we seek to elaborate upon the Neurology Program for Medical Residency in Psychiatry (NPMRP) and present the experience of its application. Methods: We present an observational and descriptive study of the NPMRP experience in Curitiba/Paraná/Brazil. To prepare the NPMRP, reflective theoretical research was carried out via data from the websites of the Brazilian Psychiatric Association, Brazilian Psychiatric Residencies, PubMed and SciELO. Thw keywords used included: program of psychiatry residency; neurology and psychiatry residency; neurology in psychiatry. Results: It is thought that the resident develops clinical skills through the neurology-psychiatry interface, via an in-service training of general neurology (1st year resident) and epilepsy and neurocognitive disorders (3rd year resident), which takes place once a week. Residents receive training in conducting interviews and brief neurological examinations, concerning the types of neurological diagnosis, request for additional tests and interpretation of the reports. The outpatient clinical sessions last 4-5 hours, resulting in one patient/hour per resident who, in turn, prepares the medical record. The cases are reviewed and discussed with the neurologist instructor, promoting patient/family participation in shared decision-making. At the end of the outpatient clinic session, an activity is carried out with the whole team to socialize the visits and review theoretical contents. Assessments are daily, quarterly and annual, covering both quantitative and qualitative aspects. Conclusion: The NPMRP has excellent results in improving resident training and patient care. There is an excellent opinion regarding learning by the residents and a good level of satisfaction of patients/family members. The neurologist instructor becomes part of the residency and the NPMRP integrates academic and assistance training. The authors propose the development of a national, standardized and reproducible NPMRP.