As ideias deste artigo têm como propósito aprofundar a discussão sobre mercado erótico (produção, comercialização e consumo de bens eróticos) e pensar, de um lado, suas conexões mais gerais com o mercado, ou seja, com uma lógica cuja operação implica a produção de diferenças a partir da oferta de bens e serviços; de outro lado, analisar as articulações dessa oferta no registro dos produtos eróticos, partindo do suposto de que os objetos buscados e valorizados seriam os que justamente realçam a diferença e a transgressão. Ao lado da discussão teórica, o artigo traz uma etnografia dos sex shops na cidade de São Paulo. Na direção inversa das visões que tendem a tomar o mercado ora como mero reflexo de demandas sociais ora como força manipuladora diante da qual o consumidor é passivo, assiste-se a criação de nichos de sex shops que configuram um processo de constituição de novas posições diante da sexualidade, ampliando o escopo de escolhas e práticas sexuais, sobretudo, para as mulheres.
The ideas in this paper aim at deepening the discussion on the erotic market (production, commercialization and consumption of erotic goods) and thinking its more general connections to the market, i. e., to an operative logic that implies the production of differences, from the supply of goods and services. It aims, on the other hand, at analyzing the articulation of this supply from the assumption that the objects searched for and valorized are precisely those that stress the difference and transgression. Besides the theoretical discussion, the paper reports an ethnography of sex shops in São Paulo. Against views that take the market for a mere reflection of social demands or as a manipulating force before passive consumers, we see the creation of a niche of sex shops that configure new positions vis a vis sexuality, widening the scope of sexual choices, especially for women.