ESTE TRABALHO CONSISTE numa tentativa de resgatar, para a Geografia, o assunto habitat rural, não de maneira descritiva, mas dentro de uma perspectiva histórica que ligue as formas do habitat e suas transformações ao desenvolvimento das forças produtivas e à evolução das relações sociais de produção. A proposta da pesquisa é demonstrar como o surgimento e a evolução do habitat existente nas Terras Altas da Transição Agreste/Mata do Norte de Pernambuco, especialmente aquele ligado à pequena produção, encontram-se fortemente vinculados à histórica relação de subordinação dos pequenos produtores à grande produção. Para tanto, tratou-se de caracterizar a produção camponesa, parte substancial da referida pequena produção. O engenho bangüê, exprimindo relações capitalistas de produção, cria no seu interior uma forma de produção camponesa representada mais caracteristicamente pelos foreiros. Os moradores não chegavam a representar unidades de produção camponesa. Estavam muito mais ligados ao trabalho coletivo, isto é, ao canavial. Assalariados, formavam a parte fundamental da força de trabalho empregada no engenho. Assim, os bangüês engendraram numerosas unidades de pequena produção traduzidas num habitat disperso, cujo adensamento acabou por criar pequenos centros urbanos locais. Com o surto usineiro, o capitalismo, na sua evolução, redefiniu as antigas relações de trabalho e morada, desmantelando esse universo de pequenos produtores e transformando sua grande maioria em proletários. Tais fatos sempre se refletiram fielmente na organização do habitat rural e urbano; a resposta que se observa na organização espacial é também uma redefinição do habitat, com o surgimento e crescimento das pontas-de-rua a permanência de formas residuais, as paleoformas. Esse urbano tem de ser visto hoje como um repositório, um viveiro de mão-de-obra. Aí vive uma população proletária que trabalha fundamentalmente no meio rural. Somando-se a isso a velocidade com que a população se deslocou do campo para a cidade nos últimos 30 anos, chegamos à reflexão que deu título ao trabalho: "que urbano é esse?".
LE BUT DE CE TRAVAIL est de tenter de réintroduire le thème de l'habitat rural en Géographie, évitant un traitement descriptif et privilégiant une démarche historique qui relie les formes d'habitat et leus transformations au développement des forces productives et à l'évolution des relations sociales de production. La recherche vise à démontrer que l'émergence et l'évolution de l'habitat des Hautes Terres de la transition Agreste/Mata Norte du Pernambouc, en particulier de celui lié à la petite production, sont fortement déterminées par la relation historique de subordination des petits producteurs à la grande production. Dans ce but on a caracterisé la production paysanne, partie substantielle de la dite petite production. Le moulin à sucre bangüê expression de relations capitalistes de production, crée en son sein une forme de production paysanne représentée particulierèment par les foreiros (tenanciers). Les moradores(occupants à titre gratuit) le constituaient pas des unités de production paysanne. Ils étaient beaucoup plus liés au travail collectif, c'est à dire aux cannaies. En tant que salariés ils formaient une partie fondamental de la force de travail employée a la plantation. Ainsi ces plantations bangüês ont fait naître de nombrenses unités de petite production représentée par un habitat dispersé qui lorsqu'il devient plus dense finit par créer de petits centres urbains locaux. Avec l'industrialisation de la production du sucre en usines, le capitalisme a redéfini, dans son évolution, les anciennes relations de travail et d'habitation; il a demantelé cet univers de petits producteurs et les a transformés dans leur plus grand nombre en proletaires. Ces faits se sont toujours reflétés fidélement dans l'organisation de l'habitat rural et urbain; la réponse observée dans l'organisation spatiale correspond aussi à une redefinition de l'habitat, avec la naissance et augmentation des périphéries (pontas-de-rua) et la permanence des formes residuaires, les paleoformes. Ce milieu urbain doit être perçu aujourd'hui en tant que dépôt et pépinière de main d'oeuvre. Lá vit une population prolétaire qui travaille pour l'essentiel dans le milieu rural. Aditionnant cela à la rapidité avec laquelle la population s'est transférée de la campagne vers la ville durant les derniers trente ans, nons pouvons comprenere la réflexion qui a donné son titre à ce travail: "de quel urbain s'agit il?".