INTRODUÇÃO: A magnitude da resolução do supradesnivelamento do segmento ST é um marcador de reperfusão miocárdica em pacientes com infarto agudo do miocárdio. A resolução incompleta do supradesnivelamento do segmento ST foi identificada como preditor de resultados desfavoráveis em pacientes com infarto agudo do miocárdio após terapia de reperfusão. Este estudo teve como objetivos descrever a frequência de resolução incompleta do supradesnivelamento do segmento ST em um registro contemporâneo de pacientes submetidos a angioplastia primária e fazer uma comparação de seus resultados hospitalares com pacientes que apresentaram resolução completa do supradesnivelamento do segmento ST. MÉTODO: Entre julho de 2008 e fevereiro de 2009, foram incluídos 183 pacientes consecutivos com infarto agudo do miocárdio (< 24 horas) de oito centros na Argentina em um registro prospectivo de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST. Resolução incompleta do supradesnivelamento do segmento ST foi definida como redução < 70% do supradesnivelamento do segmento ST no eletrocardiograma realizado 60 minutos após a angioplastia primária, em relação ao realizado no período basal. As variáveis clínicas, angiográficas e do procedimento foram analisadas, assim como o desfecho combinado de eventos cardíacos hospitalares, incluindo-se mortalidade, reinfarto, choque, complicações mecânicas e revascularização de emergência do vaso-alvo. RESULTADOS: Houve resolução incompleta do supradesnivelamento do segmento ST 60 minutos após a angioplastia em 89 pacientes (51,5%), e em 84 pacientes (48,5%) houve resolução completa. Os pacientes com reperfusão miocárdica subótima tiveram taxa mais elevada de Killip > 1 na apresentação (33,7% vs. 19%; P = 0,04), artéria descendente anterior como artéria relacionada ao infarto (52,8% vs. 30,9%; P = 0,005), e doença mais difusa na artéria relacionada ao infarto (23,6% vs. 10,7%; P = 0,008), com tendência a maior incidência de eventos cardíacos hospitalares (14,6% vs. 5,9%; P = 0,08) e de mortalidade hospitalar (11,2% vs. 3,6%; P = 0,08). A análise multivariada mostrou que presença de classe de Killip > 1 na apresentação [odds ratio (OR) 7,6; intervalo de confiança de 95% (IC 95%) 2,32-25,2; P = 0,0008] e resolução completa do segmento ST (OR 0,23; IC 95% 0,06-0,8; P = 0,02) foram preditores independentes de eventos cardíacos hospitalares. CONCLUSÕES: Apesar dos medicamentos e dispositivos disponíveis atualmente, uma quantidade bastante significativa de pacientes não obtém reperfusão completa do miocárdio após angioplastia primária, o que é expresso pela resolução incompleta da elevação do segmento ST. Esse fenômeno está associado a pior desfecho hospitalar. A presença de comprometimento hemodinâmico na apresentação, infarto anterior e doença difusa no vaso culpado está associada a reperfusão miocárdica subótima.
BACKGROUND: The magnitude of ST segment elevation resolution is a marker of myocardial reperfusion in patients presenting with acute myocardial infarction (AMI). Incomplete ST segment elevation resolution (ISTSR) was identified as a predictor of unfavorable outcomes in AMI patients after reperfusion therapy. The aims of our study were to describe the frequency of ISTSR in a contemporary registry of primary angioplasty (PCI) and compare the in-hospital outcomes with patients with complete ST segment elevation resolution (CSTSR). METHOD: From July 2008 to February 2009, we included 183 consecutive patients with AMI (< 24hs) from eight centers in Argentina to a prospective ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) registry. ISTSR was defined as a decrease < 70% of ST elevation between the baseline electrocardiogram and the electrocardiogram carried out 60 minutes after PCI. Clinical, angiographic and procedural related variables were analyzed, as well as a composite endpoint of in-hospital cardiac events (CE) including mortality, reinfarction, shock, mechanical complications and urgent target vessel revascularization. RESULTS: Incomplete resolution of ST-segment elevation 60 minutes after angioplasty was observed in 89 patients (51.5%) whereas complete resolution was evident in 84 patients (48.5%). Patients with suboptimal myocardial reperfusion had a higher rate of Killip class >1 at presentation (33.7% vs. 19%; P = 0.04), left anterior descending artery as the infarct related artery (52.8% vs. 30.9%; P = 0.005), and diffuse disease in the infarct related artery (23.6% vs. 10.7%; P = 0.008), with a trend towards higher incidence of in-hospital cardiac events (14.6% vs. 5.9%; P = 0.08) and in-hospital mortality (11.2% vs. 3.6%; P = 0.08). Multivariate analysis showed that the presence of Killip class >1 at presentation (OR 7.6; CI 95% 2.32-25.2; P = 0.0008) and complete ST segment resolution (OR 0.23; CI 95% 0.06-0.8; P = 0.02) were independent predictors of in-hospital cardiac events. CONCLUSIONS: In spite of the drugs and devices currently available there is a significant proportion of patients who do not achieve complete myocardial reperfusion after primary angioplasty as expressed by an incomplete resolution of ST segment elevation. This phenomenon is associated with a worse in-hospital outcome. The presence of hemodynamic compromise at presentation, anterior infarction, and diffuse disease in the culprit vessel are associated with suboptimal myocardial reperfusion.