RESUMO Introdução: Mudanças recentes dos critérios diagnósticos e nos tratamentos para Esclerose Múltipla (EM) promoveram um grande impacto na maneira com que os especialistas manejam a doença. Objetivos: Investigar fatores considerados no manejo de pacientes com EM, por neurologistas brasileiros, bem como identificar como estes contribuem para o diagnóstico e o tratamento da doença. Métodos: Participantes foram selecionados pelo Comitê Organizador (especialistas em EM responsáveis por desenvolver a pesquisa). Apenas especialistas em EM foram incluídos (neurologistas com fellowship em neuroimunologia ou que atendem, atualmente, mais de 30 pacientes com EM). Os links de acesso a um questionário foram distribuídos entre março de 2019 e janeiro de 2020, o qual consistia em cenários hipotéticos referentes à EM. Resultados: Neurologistas de 13 estados brasileiros responderam à pesquisa (n=94). No cenário de Síndrome Clínica Isolada, os participantes concordaram em tratar pacientes com alto risco de diagnóstico de EM no futuro, resultado não encontrado nos casos de Síndrome Radiológica Isolada, no qual metade dos participantes optaram por não tratar, mesmo em casos de alto risco. Nos casos de EM Remitente-Recorrente de baixa atividade, a escolha para tratamento foi interferon beta, acetato de glatirâmer ou teriflunomida, sendo trocado para fingolimode e natalizumabe quando de aumento da gravidade. Discordâncias foram encontradas referentes ao uso de medicações durante a gestação e seus períodos de washout. Conclusões: Este estudo identificou concordâncias e discordâncias entre neurologistas brasileiros sobre EM, as quais podem ser auxiliares nas futuras atualizações de protocolos, visando melhorar o manejo dos pacientes.
ABSTRACT Background: Recent changes to the diagnostic criteria for multiple sclerosis (MS) and new medications have had a major impact on the way in which specialists manage the disease. Objective: To investigate factors considered by Brazilian neurologists in managing MS, and to identify how these contribute to diagnosis and treatment. Methods: Potential participants were selected by a steering committee (MS experts who developed this survey). Only MS specialists were included in the study (neurologists who had completed a neuroimmunology fellowship or who were treating more than 30 MS patients). Links to the online questionnaire were distributed between March 2019 and January 2020. This questionnaire was composed of sections with hypothetical MS scenarios. Results: Neurologists from 13 Brazilian states responded to the survey (n = 94). In the clinically isolated syndrome (CIS) scenario, the respondents agreed to treat patients with a high risk of MS diagnosis, whereas in the radiologically isolated syndrome (RIS) half of the respondents opted not to treat, even among high-risk patients. In cases of low-activity relapsing-remitting MS (RRMS), the choice of treatment was distributed among interferon beta, glatiramer acetate and teriflunomide, which were changed to fingolimod and natalizumab, as RRMS severity increased. The topics in which disagreement was found included practices regarding use of disease-modifying therapy (DMT) for pregnant patients and the washout period required for some DMTs. Conclusions: This study enabled identification of areas of agreement and disagreement about MS treatment among Brazilian neurologists, which can be used to update future protocols and improve patient management.