O artigo examina os debates referidos a três reformas legais que tem resultado fundamentais para a configuração legal da família no Chile, acontecidos entre 1990 e 2004. Tomando como base a análise do discurso legislativo, argumento que para tornar o conceito de família mais abrangente, de modo que se reconheça a multiplicidade de realidades que pode representar, foi necessário um longo e complexo processo de negociação política no qual entraram em jogo concepções de gênero, autonomia individual e o questionamento do que constitui uma "boa sociedade". Os resultados desse processo, se bem constituem um avanço em termos de igualdade de gênero, ainda favorecem o modelo de família tradicional - bi-parental, baseada no matrimônio heterossexual - como o tipo de família a ser protegida pelo Estado. Assim, os direitos das mulheres como cidadãs são subordinados aos papéis de gênero tradicionais, já que elas são ainda vistas como responsáveis pelo cuidado de pessoas em situação de vulnerabilidade e pela manutenção da família como espaço de reprodução social. Metodologicamente, o trabalho está baseado em uma análise qualitativa dos registros oficiais dos debates no Parlamento para as três leis examinadas. Essa análise foi complementada com entrevistas em profundidade com legisladores e membros do poder Executivo que participaram dos debates no Congresso Nacional.
This article examines debates referring to three legal reforms that took place between 1990 and 2004 and which had fundamental results regarding the legal configuration of the Chilean family. Taking legislative discourse as the basis of our analysis, I argue that it took a long and complex process of political negotiation to build a broader concept of what family is. The process brought notions of gender, individual autonomy and what constitutes a "good society" into play. The results of this process, if on the one hand signifying a move forward in terms of gender equality, also favor the traditional model of family- dual parent, based on heterosexual marriage - as the family form recognized by the State. In this regard, women's citizenship rights continue to be subordinate to traditional gender roles, in which women are seen as responsible for caring for the vulnerable and for sustaining the family as a site of social reproduction Methodologically speaking, we carry out a a qualitative analysis of official records of Parliamentary debates for the three laws under discussion. Analysis has been complemented by in-depth interviews with legislators and members of the Executive who took part in debates within the National Congress.
L'article vérifie les débats mentionnés liés à trois réformes légales qui ont des résultats fondamentaux pour la configuration légale de la famille au Chili, qui ont eu lieu entre 1990 et 2004. En ayant comme base l'analyse du discours législatif, j'argumente que, pour élargir le concept de « famille », d'une manière dont la multiplicité de réalités qu'il peut représenter soit reconnue, il a fallu un long et complexe processus de négotiation politique où ont été considérées des conceptions de genre, l'autonomie individuelle, et ce qui constitue une « bonne société ». Malgré le fait d'être considérés comme une évolution par rapport à l'égalité de genre, les résultats de ce processus favorisent encore le modèle traditionnel familial - biparentale, basée sur le matrimoine hétérosexuel - comme le typede famille a être protégée par l'État. Ainsi, les droits des femmes autant que citoyennes, sont subordonnés aux rôles de genre traditionnels, puisqu'elles sont encore vues comme les responsables par le soin de personnes en situation de vulnérabilité et par l'entretien de la famille autant qu'un espace de reproduction sociale. Méthodologiquement, le travail est basé sur une analyse qualitative des enregistrements officiels des débats dans le Parlement pour les trois lois vérifiées. Cet analyse a été complémentée avec des interviews en profondeur avec des législateurs et membres du Pouvoir Exécutif qui ont participé des débats dans le Congrès National.