RESUMO O objetivo deste relato é apresentar um caso de transtorno alimentar evitativo/restritivo (TARE) em uma paciente adulta com desenvolvimento atípico e salientar as características diagnósticas e comportamentais dessa nova categoria nosológica incluída na seção de Transtornos Alimentares da DSM-5. Mulher com síndrome de Down que, no início da vida adulta, evoluiu com sintomas de restrição e evitação alimentar até a recusa total da alimentação, com perda de peso, desnutrição e dependência total de alimentação enteral por gastrostomia. Este caso elucida como o diagnóstico de TARE pode permanecer oculto e ser confundindo com outras condições patológicas alimentares, como a anorexia nervosa. O aumento da suspeição diagnóstica para essa entidade nosológica, tendo em mente os mecanismos neurobiológicos/comportamentais envolvidos em suas apresentações clínicas, possibilitará o aumento do conhecimento sobre esse grave transtorno alimentar, visando ao desenvolvimento de intervenções eficazes baseadas em evidências.

ABSTRACT The aim this report is to present an adult case of avoidant/restrictive food intake disorder (ARFID) in a patient with atypical development. To emphasize the diagnostic and behavioral characteristics of this new nosological category included in the Feeding and Eating Disorders (FED) section of DSM-5. A woman with Down Syndrome in early adulthood who developed restriction and avoidance symptoms of food until the total eating refusal with weight loss, malnutrition and dependence exclusively on enteral feeding by gastrostomy tube. This case exemplified how ARFID may remain a hidden diagnosis and even be misdiagnosed as other eating disorders, such as anorexia nervosa. The increase in diagnostic suspicion for this nosological entity with neurobiological/behavioral mechanisms involved in its clinical presentations in mind, might increase knowledge about this serious eating disorder, aiming the development of evidence-based interventions.

OBJETIVO: O objetivo desse estudo foi avaliar as funções executivas de indivíduos obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica. MÉTODO: Trinta e oito indivíduos obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica foram comparados com 38 controles obesos sem transtorno da compulsão alimentar periódica em termos de suas funções executivas. Todos os indivíduos foram avaliados utilizando os seguintes instrumentos: Digit Span, Trail Making Tests A e B, Stroop Test e Wisconsin Card Sorting Test. Adicionalmente, quatro subtestes da Behavioral Assessment of the Dysexecutive Syndrome Battery foram também utilizados, a saber: Zoo Map Test, Modified Six Elements Test, Action Program Test e The Rule Shift Cards Test. RESULTADOS: Quando comparados a controles obesos, indivíduos obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica apresentaram déficits significativos no Digit Span Backward, Zoo Map Test, Modified Six Elements Test e no Action Program Test. Os indivíduos com transtorno da compulsão alimentar periódica também apresentaram significativamente mais erros perseverativos e de mudança de set no Wisconsin Card Sorting Test. Em outras medidas, tais como Digit Span Forward, Trail Making Test, Stroop Test e The Rule Shift Cards Test, os indivíduos obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica não diferiram significativamente dos obesos sem transtorno da compulsão alimentar periódica. CONCLUSÃO: Esses resultados sugerem que, neste estudo, os indivíduos obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica apresentaram déficits executivos evidenciados por dificuldades na capacidade para resolução de problemas, na flexibilidade cognitiva e na memória operacional.

OBJECTIVE: The aim of this study was to assess executive functions of obese individuals with binge eating disorder. METHOD: Thirty-eight obese individuals with binge eating disorder were compared to thirty-eight obese controls without binge eating disorder in terms of their executive functions. All individuals were assessed using the following instruments: Digit Span, Trail Making Tests A and B, Stroop Test and the Wisconsin Card Sorting Test. In addition, four subtests from the Behavioral Assessment of the Dysexecutive Syndrome Battery were also used, namely the Zoo Map Test, the Modified Six Elements Test, the Action Program Test and the Rule Shift Cards Test. RESULTS: When compared to obese controls, obese individuals with binge eating disorder presented significant impairment in the following tests: Digit Span backward, Zoo Map Test, Modified Six Elements Test, and Action Program Test. Subjects with binge eating disorder also showed significant more set shifting and perseverative errors in the Wisconsin Card Sorting Test. In other measures such as the Digit Span Forward, the Trail Making Test, the Stroop Test and the Rule Shift Cards Test, obese subjects with binge eating disorder did not differ significantly from obese subjects without binge eating disorder. CONCLUSION: These results suggest that, in the present sample, obese individuals with binge eating disorder presented executive deficits, especially impairments relating to problem-solving, cognitive flexibility and working memory.