Este artigo analisa alguns aspectos das relações sociais implicadas na configuração da trama do romance Quincas Borba, de Machado de Assis. Num ambiente de princípios frágeis e valores relativos, cuja ética se molda às conveniências do mais forte, o protagonista Rubião se apresenta sob o signo da crise. Ao sucumbir às armadilhas do casal Palha e às falsas lisonjas de um séquito de parasitas, Rubião vai gradualmente perdendo sua fortuna e, na mesma medida, a razão, de forma que logo chega à miséria e à loucura, retornando à sua Barbacena, onde morrerá como um pobre diabo. Através da trajetória do seu protagonista, Machado de Assis nos mostra que, numa sociedade movida pela cobiça e regida pela "lei do mais forte", a sobrevivência depende da esperteza de quem domina a ética dos vencedores.
The main aim of this article is to examine some aspects of the social relations involved in the plot of the novel Quincas Borba, by Machado de Assis. In an environment of fragile principles and relative values, in which ethics are shaped by conveniences of the strongest, the protagonist Rubião presents himself under the sign of crisis. By falling into Palha's trap and false flattery of a retinue of parasites, Rubião gradually loses his fortune, and to the same extent his reason, and ends up destitute and mad, returning to his native Barbacena, where he dies as a nobody. Through the trajectory of his protagonist, Machado de Assis demonstrates that in a society driven by greed and governed by the "survival of the fittest", survival depends on cleverness of those who dominate the ethics of the winners.