OBJETIVOS: Não há consenso sobre o melhor acesso minimamente invasivo para a ablação cirúrgica das supra-renais. O objetivo do presente estudo foi comparar prospectivamente os aspectos intra e pós-operatórios dos pacientes submetidos a cirurgia laparoscópica da supra-renal por meio de dois diferentes acessos: transperitoneal e retroperitoneal. MÉTODOS: Entre janeiro de 1994 e outubro de 2003, 40 pacientes (19 homens e 21 mullheres) com lesões adrenais, incluindo cinco casos de síndrome de Cushing, três de síndrome de Conn, dois neurogangliomas, sete feocromocitomas, 17 adenomas não funcionantes, um tumor virilizante e cinco casos de nódulo pós-tratamento de neoplasia primária não adrenal, foram submetidos a supra-renalectomia laparoscópica por dois cirurgiões. O protocolo foi prospectivo e a via de acesso videoendoscópica foi escolhida de acordo com a indicação do cirurgião. Vinte casos foram submetidos à cirurgia laparoscópica transperitoneal e outros 20 por acesso retroperitoneal. Comparamos o tempo cirúrgico, a perda sangüínea, o tempo para realimentação oral plena, o emprego de analgésicos, as complicações cirúrgicas, a taxa de conversão, o período de internação e o período de retorno às atividades habituais. RESULTADOS: Todos os procedimentos foram realizados com sucesso. O tempo cirúrgico médio e o período para realimentação oral médio foram respectivamente 3,6 horas e 24 horas no grupo transperitoneal e 2,5 horas e 12 horas no grupo retroperitoneal (p<0,05). Não houve diferenças significativas entre os dois grupos em relação a sangramento operatório, analgesia, período de internação e tempo para retorno às atividades habituais. No grupo de acesso transperitoneal, ocorreu um caso de hematoma retroperitoneal e outro que evoluiu com pancreatite pós-operatória. Nos pacientes operados pelo acesso retroperitoneal, houve um caso de hipercarbia intra-operatória, um caso de perfuração do peritôneo e um caso que evoluiu com pneumonia no pós-operatório. Em nenhum dos casos houve necessidade de conversão para cirurgia aberta. CONCLUSÃO: Não há diferenças relevantes entre os acessos transperitoneal e retroperitoneal para a abordagem laparoscópica das supra-renais. Nesta série não randomizada, o tempo cirúrgico e o período para realimentação foram menores no grupo retroperitoneal. A escolha do acesso endoscópico depende das peculiaridades de cada caso e da preferência do cirurgião.
OBJECTIVES: A prospective protocol was used to compare transperitoneal and retroperitoneal laparoscopic access for treatment of adrenal lesions. METHODS: Forty patients (19 male and 21 female) were submitted to laparoscopic adrenalectomy. Patients were operated by two surgeons. Twenty cases for each type of access (transperitoneal and retroperitoneal) were selected for analysis. Operative time, blood loss, time to oral intake, dose of analgesic, surgical complications, conversions, hospital stay and return to normal activities were compared for both approaches. RESULTS: All procedures were successfully completed. Operative mean time and time to oral intake were 3.6 h and 24 h for the transperitoneal and 2.5 h and 12 h for the retroperitoneal approach (p<0.05). There were no differences in blood loss, analgesia, hospital stay and time for return to normal activities. Complications were observed in two patients in the transperitoneal approach (retroperitoneal bleeding and pancreatitis) and there were three events in the retroperitoneal approach (hipercarbia, peritoneal laceration and pneumonia). No conversions occurred in this cohort of patients. CONCLUSION: Laparoscopic adrenalectomy is a safe and efficient treatment for an adrenal mass of up to 10 cm. There are no relevant differences between the transperitoneal and retroperitoneal approach. Choice of the laparoscopic approach rests upon particular aspects of each case or upon the surgeon's preference.