Ao longo dos últimos trinta anos, o Brasil vem desenvolvendo sistemas de informação em saúde (SIS). Porém, ainda hoje, esses SIS são fragmentados e tentativas de integrá-los fracassaram. A situação atual leva a questionamentos tais como: quais as barreiras existentes à utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC) na saúde? Quais são as consequências causadas à sociedade brasileira por tal situação? Em linha com isso, este ensaio articula duas escolas de pensamento – (a) TIC em países em desenvolvimento e (b) informação e informática em saúde –, de forma a propor um modelo para analisar a informatização da saúde no Brasil. Tal modelo considera a informática em saúde como uma política pública que objetiva desenvolver e aplicar TIC para atender às necessidades de saúde da sociedade, definindo atributos de qualidade para tal política, quais sejam: democratização, eficácia, preservação e sinergia. Além disso, o modelo permite analisar a trajetória dessa política pública por meio dos atores a ela associados – políticos, burocratas e sociedade civil –, os quais interagem em espaços influenciados por elementos como sistemas e padrões prévios, bem como com outras políticas públicas relacionadas.
Throughout the last thirty years, Brazil has developed health information systems (HIS). However, to date these HIS are fragmented and continuous endeavors to integrate them have failed. This leads to important questions such as: which barriers are hindering the use of Information and Communication Technologies (ICT) in health in Brazil? What are the consequences of this on Brazilian society? Thus, this essay links two theoretical streams, namely: (a) ICT in Developing Countries and (b) Information and Informatics in Health, in order to propose a model to analyze health informatics in Brazil. The proposed model considers health informatics as a public policy aiming at using ICT to assist the society in health issues, setting up quality features for this policy, namely: democratization, effectiveness, preservation, and synergy. The proposed model also enables the analysis of the trajectory of this public policy via the actors involved with it - politicians, civil servants, and civil society -, who interact with each other within spaces influenced by elements as systems and previous standards, as well as with other related public policies.