Resumo: Em “O narrador. Reflexões sobre a obra de Nicolai Leskov” (1987a), Walter Benjamin entende que a arte de narrar está em vias de extinção uma vez que o narrador, aquele que reúne em si mesmo o conhecimento do camponês sedentário e do marinheiro comerciante, parece não estar mais entre nós a partir da modernidade. Entretanto, se seguirmos a argumentação de Maria Lugones em “Rumo a um feminismo descolonial” (2014a), que coloca o [des]colonial dentro de uma categoria de não moderno, poderemos considerar que a presença do narrador é perene e se manifesta muitas vezes exatamente no romance, forma literária que Benjamin (1987a) aponta como um indicativo da evolução que vai culminar na morte da narrativa. Em The Distant Marvels (2015), a autora cubana-americana Chantel Acevedo constrói uma protagonista que é a representação literária de um narrador que reúne em si as características benjaminianas e que é, assim, capaz de transmitir experiência. A proposta do presente trabalho é verificar como uma leitura deste romance a partir do viés da descolonialidade pode contribuir para o debate acerca da potência que a intervenção estética feminista tem de contribuir para a construção de novas epistemologias.
Abstract: In “The Storyteller: Reflections on the Work of Nicolai Lescov” (1987a), Walter Benjamin understands that the art of storytelling is about to become extinct once the storyteller, that one who gets his/her full corporeality when reunites the knowledge of the resident master craftsman and the traveling journeyman, seems to be no longer among us. However, when taking into consideration Maria Lugones (2014a) understandings of the decolonial, that it inhabits a non modern space, it is possible to admit the presence of the Benjaminian narrator, sometimes in the novel, genre that the he understood as a symptom of a process whose end is the death of the storytelling. In the novel The Distant Marvels (2015), the Cuban-American author Chantel Acevedo creates a protagonist who is a literary representation of a narrator that incorporates the Benjaminian characteristics and, therefore, is competent in transmitting experience. The following article intends to verify how a decolonial reading of the aforementioned novel may contribute to the work of developing new epistemologies.