RESUMO O presente artigo analisa, à luz dos estudos conversacionais, o desenvolvimento da competência interacional, com especial atenção aos marcadores discursivos e às interrupções, em aprendizes de italiano LE, durante conversações semi-guiadas. O estudo foi realizado entre estudantes universitários de italiano como Língua Estrangeira, inscritos no primeiro e último ano do curso de Letras Italiano da Universidade de São Paulo, no Brasil. A presença maciça dos sinais interacionais para concordar, usados pelo falante e pelo interlocutor, associada a um uso esporádico de interrupções competitivas e de marcadores discursivos metatextuais, indicam que os estudantes, inclusive os de nível avançado, são pouco propensos à cultura da discussão. Apesar das repetidas dificuldades no gerenciamento da comunicação, expressas por hesitações, construções verticais e pedidos de ajuda, os participantes não hesitam na tarefa atribuída e fazem o melhor para manter a conversa viva. A variedade dos marcadores discursivos presentes na interlíngua é bastante semelhante nos dois níveis, com exceção dos marcadores de concordância, os quais são mais variados no nível avançado e dos fatismos, usados exclusivamente no nível inicial. Esse dado nos faz supor que a um nível de competência mais elevado não necessariamente corresponde uma gama mais vasta de marcadores discursivos. É provável que outros fatores tenham influenciado na interlíngua dos estudantes, como o tipo de insumo e as atividades realizadas em classe visando à observação de determinadas formas. No que tange ao nível didático, emerge a necessidade de utilizar, desde os níveis iniciais, oportunas atividades de observação e de produção, que permitam a tomada de consciência sobre os mecanismos conversacionais que regulam as discussões entre nativos.
ABSTRACT This paper discusses the development of interactional competence in the light of conversational studies. More specifically, the focus will be on the use of discourse markers in semi-guided conversations with learners of Italian as a foreign language (FL). The study has been carried out with university students enrolled in the first and last year of the Undergraduate Course in Italian at the University of São Paulo in Brazil. The heavy presence of agreement discourse markers combined with the sporadic use of competitive interruptions and metatextual discourse markers indicate that the students are not predisposed to a culture of discussion. This result was found both at beginner and advanced levels. Despite some difficulties in managing communication, expressed through hesitation, vertical constructions and requests for help, the informants do not withdraw from the task at hand and do everything they can to maintain the conversation flow. The variety of discourse markers in learners’ interlanguage is essentially the same at both levels, except for agreement discourse markers, which are more varied at the advanced level, and phatic expressions, which are used exclusively at the beginner level. These data lead us to assume that higher levels of competence do not necessarily result in the use of a wider range of discourse markers. Other factors are likely to have influenced learners’ interlanguage, such as the type of input learners were exposed to, as well as their engagement in tasks which required them to notice specific language forms. From a pedagogical point of view, it emerges that suitable observation and production activities should be used from the beginner levels, as these tasks help raising learners’ consciousness about those conversational mechanisms which regulate discussions among native speakers.