As sombras nucleares têm sido classicamente associadasà leucemia linfocítica crônica (LLC), embora possam ser encontradas nos esfregaços do sangue periférico de outras doenças linfoproliferativas B crônicas (DLBC). Nesse estudo, nós investigamos se a porcentagem de sombras nucleares nos esfregaços do sangue periférico pode ser utilizada na prática clínica da hematologia para diferenciar a LLC das outras DLBC. Foram analisados os esfregaços do sangue periférico de 63 pacientes com o diagnóstico de LLC e 62 com outras DLPC. Trezentas células, entre células linfoides e sombras nucleares, foram contadas em cada esfregaço. A comparação da porcentagem de sombras nucleares entre os dois grupos foi realizada e, subsequentemente, foram fixados 5 cut-offs de mais de 10%, 20%, 30%, 40% e 50% de sombras nucleares com o propósito de definir um caso como "positivo para sombras nucleares" e verificar se havia diferenças entre a LLC e as outras DLBC. A porcentagem das sombras nucleares em pacientes com LLC (mediana 26%, 4%-86%) foi maior do que em pacientes com DLBC (mediana 14%, 1%-64%). Entretanto, nenhum dos cut-offs testados apresentou valores apropriados de sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo para distinguir os dois grupos. Desde queé necessário se dispor de um único valor de cut-off com alta sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo para inferir o diagnóstico de CLL na prática clínica, conclui-se que as sombras nucleares não são úteis para diferenciar a LLC das outras DLBC.
Smudge cells has been classically associated with chronic lymphocytic leukemia (CLL), but they are found in peripheral blood tests for other chronic B-cell lymphoproliferative diseases (CLD). We investigated whether the percentage of smudge cells in peripheral blood smears can be used in the clinical practice to differentiate CLL from other B-cell CLD. The peripheral blood smears of 63 patients with the diagnosis of CLL and 62 with other B-cell CLD were analyzed. Three hundred cells (both lymphoid cells and smudge cells) were counted for each peripheral blood smear. A comparison of the percentage of smudge cells between the two groups was performed and, subsequently, 5 cut-off values were fixed (10%, 20%, 30%, 40% and 50% of smudge cells) with the aim of defining cases as "positive" or "negative" for smudge cells and verifying whether there are any differences between CLL and the other B-cell CLD. The percentage of smudge cells in patients with CLL (median 26%, 4%-86%) was higher than in patients with B-cell CLD (median 14%, 1%-64%). However, none of the cut-off values tested presented suitable values of sensitivity, specificity and positive predictive value to separate the two groups. As it is necessary to have a single cut-off value with high sensitivity, specificity and positive predictive value to infer the diagnosis of CLL in the clinical practice, we concluded that smudge cells are not fitting to differentiate CLL from other B-cell CLD.